Análise Sensorial em cosméticos

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Engana-se quem acredita ser a Análise Sensorial uma novidade! Ela existe desde os primórdios das trocas comerciais. Naquele tempo, as pessoas atestavam a qualidade do produto através da aparência, da textura, do odor e do sabor antes de comprá-lo.

A mãe que afere a temperatura da mamadeira do filho está fazendo uma análise sensorial. O marceneiro que verifica se não ficou nenhuma aresta na mesa recém-fabricada também. Assim como você, que escolhe a maçã mais vermelha no supermercado. Então, o que é Análise Sensorial afinal? A verificação, através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), do mundo que nos cerca.

Vamos transpor esta ideia para o universo dos cosméticos (que é onde reside o nosso interesse)?!

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Vídeo: Reprodução/Youtube

A indústria de cosméticos não vende apenas eficácia e segurança, dita tendência ou vive exclusivamente de status. Mais que tudo isso, esta indústria comercializa prazer e o bem estar que os seus produtos são capazes de proporcionar!

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Como os produtos cosméticos não são de uso obrigatório, eles serão consumidos apenas se atenderem de maneira satisfatória às expectativas do consumidor. Claro que uma bela embalagem atrai a atenção, uma promessa interessante do rótulo desperta a curiosidade, uma marca conceituada ajuda a decidir pela compra, mas nada advoga mais pela satisfação que o sensorial que o produto é capaz de proporcionar no momento do uso. Eis aqui a relevância do estudo de Análise Sensorial para produtos cosméticos!

Através de testes sensoriais, é possível conhecer uma rica variedade de informações. Por exemplo: ao reproduzirmos uma formulação já existente (A) com matérias-primas diferentes (B) ou proveniente de outros fornecedores (C) e submetermos todas elas a testes cegos, conseguimos descobrir se as formulações A, B e C são percebidas como iguais ou diferentes; sendo percebidas como diferentes, quais são estas diferenças, em quais atributos, em que intensidade… e mais: conseguimos descobrir qual não é aceita, qual é a preferida e também o motivo destas escolhas. Bastante abrangente, não?!

Análise sensorial de cosméticos está muito além do tato.
Foto: marin / FreeDigitalPhotos.net

É ainda mais efetivo incluir estudos de Análise Sensorial durante o desenvolvimento de novas formulações e não delegá-los apenas ao produto já acabado, pois é possível fazer um acompanhamento e corrigir o que não está adequado, ao invés de esperar que se apresente como um problema ao final do desenvolvimento. De posse de todas estas informações, parece cada vez menos complicado atender satisfatoriamente e até mesmo superar as expectativas dos consumidores.

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Muitos são os tipos de testes sensoriais disponíveis e cada um responde a um tipo de dúvida em específico. O que é muito importante ressaltar é que, embora alguns destes testes exijam longos períodos de treinamento e muita dedicação, nenhum equipamento (nem mesmo o texturômetro, queridinho de estudos sensoriais) é capaz de predizer assertivamente o que o ser humano é capaz ou não de perceber. Para que seja comercializado, todo produto precisa comprovar legalmente sua eficácia (e segurança e tantas outras informações), mas toda esta burocracia não é garantia de satisfação e fidelização do cliente: isso acontece apenas quando ele consegue notar os benefícios e sentir que o produto lhe é agradável.

A Análise Sensorial é então instrumento chave na relação indústria-consumidores: uma vez que consegue apontar o desejo do consumidor, torna possível às indústrias torná-lo tangível e comercializável.

Por Gisely Spósito

Redatora. Farmacêutica-Bioquímica, Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutora em Ciências Farmacêuticas, especificamente em Medicamentos e Cosméticos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP). Tem experiência em Tecnologia de Cosméticos, do desenvolvimento à análise sensorial.

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