As tecnologias biomiméticas referem-se à utilização do conhecimento adquirido da natureza para criar ingredientes capazes de simular processos naturais com aplicação prática. Portanto, é evidente que a tendência da biomimetização encontra um amplo potencial de desenvolvimento no Brasil… resta, ao menos, começarmos a prestar mais atenção na nossa própria natureza!
Um exemplo de aplicação biomimética foi o trabalho desenvolvido por cientistas da Induchem na Suíça, que estudaram o comportamento da Planta da Ressureição (Haberlea rhodopensis) e desenvolveram um extrato capaz de melhorar a elasticidade e a luminosidade da pele, além de aumentar a produção in vitro de colágeno. A Planta da Ressureição possui substâncias que lhe possibilitam sobreviver a um período de seca e ressurgir de seu estado ressecado ao entrar em contato com a água. Os pesquisadores descobriram que a planta é rica em um glicosídeo denominado miconosídeo. No Brasil, os ativos da Induchem, agora parte do grupo Givaudan, são distribuídos pela Sarfam.
Foto: wikimedia.
De fato, a tendência da biomímica pode ser averiguada mesmo na produção de bioplásticos, que eventualmente farão parte da composição de embalagens de produtos cosméticos. Pesquisadores da Espanha e da Áustria, por exemplo, descobriram um micro-organismo submetido a condições extremas em um lago salino na Bolívia, o Bacillus megaterium uyuni S29, que produz o polímero biodegradável poli-beta-hidroxibutirato capaz de substituir os plásticos derivados de petróleo.
Na Austrália, por sua vez, uma parceria local entre um centro de pesquisa e uma fabricante de cosméticos analisou mais de 20 anos de pesquisa sobre a Grande Barreira de Corais daquele país e o modo como ela resistia à radiação UV por mais de milhões de anos. O trabalho conjunto resultou no desenvolvimento de 48 novos filtros ultravioleta que atuam simultaneamente contra os raios UVA e UVB, e que deverão estar disponíveis comercialmente nos próximos anos.
Mais recentemente, cientistas da Universidade Duke nos EUA observaram o comportamento de lêmures de cauda anelar e concluíram que o esqualeno pode ter um papel importante na durabilidade ou “fixação” das fragrâncias. Basicamente, os lêmures possuem duas glândulas secretoras de materiais odoríferos e esses animais misturam essas secreções em diferentes ocasiões, para transmitir diferentes mensagens. Ao combinar as secreções das duas glândulas, os lêmures obtém uma mistura ainda mais fragrante e de maior duração, o que parece estar relacionado à presença do esqualeno em uma das secreções.
Sentiu-se instigado(a)? Outros exemplos de aplicações biomiméticas já foram comentados pelo Cosmética em Foco e podem ser encontrados aqui e aqui, entre outros. Até a próxima!
1 comentário
Comentários estão encerrados.