Atualmente, temos muitas informações sobre como os raios ultravioleta (UV) provenientes da radiação solar são danosos à nossa pele, mas pouco ouvimos falar sobre como os radicais livres derivados da exposição ao sol podem alterar negativamente a saúde e a aparência dos fios de cabelo.
Quando se trata da influência de fatores externos que atingem as estruturas íntegras que compõem os cabelos, nota-se que os raios solares, por exemplo, apresentam-se com vários comprimentos de ondas, e com diferentes efeitos sobre a pele e os cabelos. Assim, os mais danosos para os cabelos são os raios ultravioleta A (UVA), que possuem comprimento de onda (λ) entre 400 – 320nm, e os ultravioleta B (UVB), que possuem λ = 320 – 290nm.
Foto: Reprodução [Skin Cancer Foundation]
Os raios UVB atingem principalmente a cutícula capilar, uma vez que o cabelo tem suas proteínas degradadas pelo efeito das ondas eletromagnéticas. Tais raios são responsáveis principalmente pela perda proteica dos fios, causando microfissuras na estrutura superficial do cabelo, que servem como porta de entrada para danos mais severos, infligidos pelos raios UVA (ŠEBETIĆ et al., 2008).
Os raios UVA degradam a tirosina e a fenilalanina, dois aminoácidos que dão resistência à queratina, que é a proteína mais importante para os cabelos, assim tornando-os fracos e quebradiços. Além disso, quando os pigmentos do córtex são atingidos pelos raios UVA, a cor se altera, sendo que os cabelos escuros ficam mais avermelhados e os loiros mais dourados (saiba mais sobre a cor natural dos cabelos aqui). Os cabelos pretos são os mais resistentes aos raios solares (ŠEBETIĆ et al., 2008).
O efeito danoso nos cabelos atinge a matriz, uma espécie de cimento localizado entre as células do córtex capilar, prejudicando e reduzindo a retenção da água. Este mesmo cimento é composto pelas ceramidas, que também unem as diversas camadas da cutícula, degrada-se, deixando as escamas das cutículas abertas, resultando em cabelos ásperos, ressecados, sem brilho e com pontas duplas (NAKANO, 2006, p.32).
Com constantes agressões nas fibras capilares, os fios de cabelos tornam-se mais vulneráveis, alterando a luminosidade, textura e resistência, fazendo-se necessária a utilização de produtos cosméticos que tem por finalidade, amenizar e/ou recuperar os danos causados.
Foto: adamr / FreeDigitalPhotos.net
Sendo assim, como solução para esses casos, há a necessidade de produtos cosméticos que visam desembaraçar, facilitar o penteado, reduzir os efeitos agressores e que auxiliam na manutenção do aspecto cosmético do fio, sua maciez e diminuindo também o “aspecto esvoaçado”, mais conhecido como efeito antifrizz.
A principal ação para proteger os fios das agressões do sol seria manter as cutículas fechadas, os cabelos bem hidratados e claro, utilizar produtos com filtros solares em sua composição. Um detalhe importante é sempre se atentar ao modo de uso indicado pelo fabricante, pois muitos ignoram as regras de reaplicação contidas nos rótulos de produtos para a proteção solar. Geralmente, essas formulações podem ter alguns ativos antioxidantes, óleos vegetais para a hidratação e nutrição dos fios, bem como silicones e/ou polímeros que ofereçam proteção térmica para agregar valor ao produto (já falamos um pouco sobre isso aqui).
Por isso, em sua maioria, produtos fotoprotetores vêm apresentados na forma de condicionadores e máscaras sem enxágue, assim os consumidores podem aplicá-los antes de ir à praia ou antes de se expor por muito tempo ao sol.
Ainda que existam produtos para a proteção solar dos cabelos, esta categoria ainda é muito pouco aproveitada por grandes empresas e o costume de ter cuidado com o cabelo em exposição ao sol ainda está sendo desenvolvido entre os consumidores, embora seja tão importante quanto proteger a pele da radiação solar.