Crescimento das marcas enfrenta dificuldades no Brasil

publicado

A promessa da Marca Brasil bateu de frente com a realidade do crescimento lento. De acordo com informações do BrandZ, o crescimento geral das marcas BrandZ Top 10 no Brasil decresceu 16%, mais que outros mercados do BRIC (Saiba mais sobre os mercados emergentes aqui). Muitas marcas perderam valor, mas outras se sobressaíram.

Depois de anos de expansão econômica, o PIB cresceu menos de 1% em 2012. Em resposta, o governo implementou políticas de estabilização econômica, que culminaram na expansão da classe média e a redução das disparidades de classes. Por um lado, houve crescimento e estímulo na geração de emprego e aumento nas vendas de bens de consumo (alimentos, bebidas, varejo e shopping centers). A marca Skol, por exemplo, cresceu 39% em valor. Do outro lado, no entanto, os lucros de agências financeiras e empresas com capital estatal tiveram mau desempenho. Como é o caso da Petrobras, a segunda colocada no ranking de marcas brasileiras, que diminuiu seu valor de marca em 45%.

No momento em que o país se prepara para os megaeventos esportivos de 2014 e 2016, mais empregos são criados, a economia é estimulada, mas o custo é alto. A expansão dos aeroportos, a construção de estádios, o desafio de prover infraestrutura para transporte e comunicação são fatores cruciais nesse momento. Infraestrutura que não acompanhou o rápido crescimento econômico do país. Especialmente enquanto muitas marcas planejam sua comunicação para esses eventos, qualquer falha pode queimar imediatamente a Marca Brasil na crítica mundial.

Anúncio

Como já mencionado, as iniciativas do governo para estimular o consumo, ajudaram principalmente as marcas de consumo. A Natura, por exemplo, cresceu 12% em valor após a queda sofrida no ano passado. Entre as primeiras marcas de cosmético com ênfase em produtos naturais e responsabilidade ambiental, a marca se tornou intimamente associada ao Brasil. E comercializa em toda a América Latina por meio de mais de 1,4 milhão de consultoras de venda porta-a-porta.

Ainda no mesmo barco, a marca Lojas Americanas cresceu 35%. A empresa abriu 111 novas lojas em 2012, totalizando 729 pontos de venda até o fim daquele ano. Também teve espaço para o mercado de luxo florescer com a inauguração do shopping JK Iguatemi em São Paulo e o Village Mall no Rio de Janeiro. Novos espaços urbanos para venda de marcas como Chanel, Gucci, Burberry e Prada.

Por outro lado, as políticas governamentais desestabilizaram as instituições financeiras. Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, por exemplo, sofreram queda no valor de suas marcas, apesar de permanecerem instituições sólidas. Os bancos penaram para manter os lucros em um cenário no qual o governo tentava de todas as formas controlar a inflação (a ameaça história à economia brazuca). O foco foi desenvolver novos clientes entre a nova classe média. Os bancos ofereceram linhas de crédito e microcrédito para a classe média e tentou valorizar os clientes prime.

Anúncio

Mas os brasileiros mantêm seu tradicional otimismo. Apesar dos desafios econômicos, o povo feliz eleva sua expectativa sobre a situação financeira das famílias e do país. Entretanto, enquanto nós acreditamos em nossas marcas locais, poucas delas são conhecidas fora da América Latina, como Havaianas, Embraer, Vale e Sadia, que são ativas no mercado global, mas só são conhecidas nos segmentos em que atuam. Por outro lado, além da Natura expandir seus negócios internacionalmente, o paranaense Grupo Boticário vem desenvolvendo novas marcas para novos produtos com potencial de exportação. Em contrapartida, a norte americana Avon, por exemplo, vem se “abrasileirando” cada vez mais, para fortalecer sua posição no país. Não é à toa que contratou a brasileira Camila Pitanga como embaixadora de uma de suas marcas.

Opinião do autor: Por mais que tenha usado dados da pesquisa BrandZ e emitido minha opinião ao longo do texto, é importante destacar também a dificuldade do empresariado brasileiro – sobretudo nas micro, pequenas e médias empresas – de investir. A exigência de ações imediatas, o excesso de burocracia e a alta carga tributária, são contrapesos com os quais o empreendedor brasileiro precisa lidar para manter seu negócio “de pé”. Sobretudo na área cosmética, em que o investimento inicial para se iniciar uma empresa é alto e as exigências legais são muitas. Há empresas que ficam na ilegalidade durante anos para só então se regularizarem. Entretanto, cabe destaque aqui para a Consulta Pública n° 37, de agosto de 2013 sobre a regularização para o exercício de atividade de interesse sanitário do microempreendedor individual, do empreendimento familiar rural e do empreendimento econômico solidário. Um claro sinal de interesse do órgão sanitário no sentido de estimular a legalidade e, em consequência, a diminuição de riscos sanitários à população.

Fonte:
Pesquisa BrandZ
Consulta Pública n° 37, de agosto de 2013.

Anúncio

Por Gustavo Boaventura

Criador e Diretor de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Cosméticos. Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco no consumo de cosméticos masculinos. Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Experiência em Pesquisa & Desenvolvimento de produtos capilares. É o idealizador e criador do Cosmética em Foco e escreve desde 2007.