Há algum tempo entrevistei o publicitário, Christoph Mayer, sócio-diretor da Shop4Men. Li uma matéria sobre o site recém-lançado e quis trazer essa entrevista porque imagino que muitos de nossos leitores fabricam produtos para homens e podem vir a ser fornecedores dessa loja virtual que vem crescendo a cada dia. Demorei até mais do que esperava para publicar essa entrevista porque queria pessoalmente dar a atenção que o assunto merecia.
Nos próximos parágrafos vocês poderão ler e conhecer um pouco mais dos desafios do e-commerce e conhecer essa loja virtual de produtos cosméticos e de cuidados pessoais para homens.
Cosmética em Foco: O que é a Shop4Men?
Christoph Mayer: A Shop4Men surgiu em 2013, quando eu e minha sócia, Amanda, enxergamos uma oportunidade de mercado em e-commerce no segmento de cosméticos e cuidados pessoais masculinos. Começamos a desenvolver todo o conceito da empresa, fornecedores, aquele trabalho de construção. Ficamos quase 1 ano desenvolvendo a marca, a loja e os produtos para lançarmos oficialmente a loja no início desse ano. É bem recente.
Nós tentamos fugir um pouco do padrão de loja de e-commerce para dar um ar mais pessoal e elegante. Para isso criamos um conceito diferenciado, por exemplo, quando você adiciona um produto no carrinho aparece uma mensagem mais impessoal. Temos o blog para nos aproximarmos dos nossos consumidores. Não queremos ser só uma loja de cosméticos para o homem, queremos ser uma referência mesmo, tanto para produtos quanto para conteúdo.
CFoco: O que motivou a abertura da loja? Surgiu de uma necessidade sua? Você sentiu falta de um ambiente para comprar cosméticos?
C.M.: O que nos motivou foi a necessidade que reconhecemos e a oportunidade em e-commerce. Eu, por exemplo, não uso modelador, uso pastas para o cabelo. É muito difícil encontrar e tinha que comprar em um “site de mulher”. Aí vem naquela caixa de mulher e dá uma certa vergonha receber a encomenda no escritório. Então hoje, além de tudo, nossa entrega tem uma caixa personalizada com o nosso logo. Então acaba dando mais tranquilidade para o homem.
CFoco: Qual o objetivo principal da Shop4Men e qual o diferencial de vocês?
C.M.: O grande diferencial comparado com a Sephora, Belezanaweb, é exatamente a segmentação. É o nicho. O público primário que estamos atingindo é de homens preocupados com cuidado pessoal e até mesmo a saúde. Às vezes você fala “pô, loja de cosmético, pô, legal! Quero ficar mais bonito”. Claro! Mas também vendemos protetor solar. O perigo que há em tomar sol sem se proteger também acaba interferindo na saúde. Então consideramos também o público preocupado com a saúde, com o bem-estar, ou seja, o homem acima de 25 anos.
Nosso público secundário e terciário são mulheres que compram para o homem. Temos alguns casos de namoradas e esposas que compraram na Shop4Men para presentear o homem. E até mesmo mulheres comprando para elas mesmas.
Outra diferença é que trabalhamos apenas com marcas premium. Até vendemos algumas marcas tradicionais, como Nivea, por exemplo, mas escolhemos a dedo para preencher o sortimento porque às vezes o cliente quer comprar um shampoo de R$ 100,00 mas ele quer um desodorante mais barato. Ele quer uma espuma de barbear mais barata. Então também atendemos essa questão de completar a gama de opções para que a pessoa possa escolher ao mesmo tempo um produto mais premium também um produto mais tradicional para preencher o leque dela.
CFoco: Como é a seleção de marcas para venda? O que uma marca precisa para fornecer para a Shop4Men?
C.M.: Primeiro pesquisamos, mas eu já tinha conhecimento de algumas marcas até mesmo por ser usuário. Isso facilitou bastante no início. A Amanda já havia experimentado shampoos de marcas, porém a mesma marca tem a linha masculina, então acabamos conseguindo pegar a qualidade dessas marcas e fazer uma seleção primária. Depois para crescer o sortimento, as opções, fizemos pesquisa e ainda hoje para desenvolver novos fornecedores, nós testamos os produtos antes. Quando tivemos um boom na mídia, por exemplo, apareceram diversos fornecedores ofertando seus produtos. Muitos! Só que há marcas que não pudemos vender. Não pode serem desconhecidas, mas pela qualidade. A Dr. Jones, por exemplo, é uma marca nacional ainda pouco conhecida, mas os produtos são muito bons! A qualidade é excepcional.
Então, para desenvolver novos fornecedores, solicitamos amostras e testamos. Nada melhor do que testar e comprovar a qualidade quando você tem uma marca desconhecida. Tem que passar no teste e atender os nossos padrões de trabalho, pois somos referência em produtos premium, produtos que não se encontram em qualquer lugar. Produtos muito acessíveis, nós analisamos muito bem antes de oferecer. Queremos oferecer produtos de qualidade e ao mesmo que não sejam tão simples de serem encontrados. Sofri muito, pois queria o meu modelador e não encontrava! Se tem um produto novo eu procuro sempre experimentar. No nosso site, inclusive, temos uma área que direciona os modeladores certos para cada tipo de penteado. Temos uma seleção de produtos específicos para cabelo cacheado, temos uma área de beleza negra, também tem uma área que ajuda o cliente caso ele tenha algum problema no corpo, no cabelo, no rosto… são serviços que agregam conteúdo, pois não queremos ser apenas mais um site de e-commerce.
CFoco: Achei interessante você falar de saúde, porque desde a Grécia Antiga que o cuidado principal do homem com a vaidade, com seu corpo, começa pela saúde. A justificativa inicial é sempre a saúde e assim ele caminha lentamente para a vaidade propriamente dita, o cuidado com a beleza e a estética. Mas geralmente começa pelo viés da saúde. O principal resultado da minha pesquisa de mestrado foi que esse “novo homem” sempre existiu. Esses hábitos sempre existiram.
C.M.: Vaidade vicia. Você se acostuma e depois sente falta. É complicado. Perigoso. (risos) O homem sempre consumiu também. O que mudou muito foram as barreiras do preconceito e o homem dizer para si: “eu me cuido. E daí? Quem disse que homem não se cuida?”. Essa vergonha do cara usar um gel no cabelo, que antes era motivo de chacota. Isso está caindo. Não é que surge um novo homem. Está caindo um preconceito e uma pré-definição de metrossexual. Passar um creme no rosto não significa que o cara é metrossexual, e as pessoas interpretam de maneira equivocada.
CFoco: Não é o metrossexual. Não é o übersexual. Não é o homossexual. É homem! O que importa é que ele consome.
C.M: Nessa frase você resume o nosso público. Quando eu falava com meus amigos que estava abrindo um e-commerce de cosméticos masculinos, eles diziam: “pô, o público gay vai ser pesado”. Não tem nada a ver. O mesmo cara que falava isso era o que passava creme. É algo automático esse pré-julgamento.
CFoco: Nesse percurso, o que vocês já descobriram sobre o homem brasileiro em relação aos cuidados cosméticos?
C.M.: Nós fomos surpreendidos. Por exemplo, para preencher sortimento nós desenvolvemos marcas e produtos e pensamos: modeladores serão o carro chefe. Serão os produtos que terão mais saída. Mas os dois produtos que se esgotaram primeiro na loja foram uma máscara de peeling e o segundo, um corretivo facial. Foi surpreendente mesmo! É óbvio que o homem procura soluções para queda, modeladores, mas esses dois produtos surpreenderam. Foi uma demanda que não esperávamos. Realmente o homem brasileiro se cuida por completo! A cada dia vem crescendo esse consumo.
CFoco: Já que você falamos sobre saúde e você mencionou o cuidado por completo, como está a aceitação em relação à fotoproteção?
C.M.: Temos uma marca muito boa, de qualidade reconhecida, que é a Ada Tina. A saída está muito positiva. Também pela qualidade. Eu me surpreendi, pois não deixa a pele pegajosa e seca rápido. Tem sido uma demanda esperada.
CFoco: Como é o feedback dos clientes?
C.M.: Nós recebemos diversos emails e ligações. Muitos emails elogiando. Fazemos uma carta que vai junto ao pedido para cada cliente. Recebemos dúvidas. Muitas vezes querem saber se há mesmo alguém ali por trás da loja. Recebemos uma ligação de uma mulher que ligou para perguntar sobre o kit de tratamento Cicatricure. Foi bem engraçado porque ela queria o acompanhamento para finalizar a compra. Hoje ligou uma mulher que queria comprar tintura para o marido e perguntou o que seria ideal para o caso. Perguntamos sobre o perfil e recomendamos o melhor produto.
Já recebemos alguns emails de elogio. Um mandou “o pedido chegou. Adorei a cartinha e os brindes”. Outro escreveu “vocês estão de parabéns. Fiz o pedido na hora do almoço e já foi despachado”. Outro mandou “depois de 2 dias recebi o meu produto. Muito obrigado. Adorei a carta. Genial! Realmente o produto é muito bom”.