Os sticks são apenas mais uma variedade de produtos que podem ser utilizados para liberar ingredientes especiais, ativos, fotoprotetores e alguns fármacos. São apenas um veículo para carrear a quantidade desejada de qualquer ingrediente para o qual tenham sido desenvolvidos. Se alguém quisesse uma definição precisa da forma stick, ela seria: um tipo de sistema de liberação.
Neste post conheceremos um pouco mais sobre esta forma cosmética e as principais matérias-primas utilizadas em sua formulação.
Atualmente, existe a possibilidade de se formular sticks compostos de substâncias hidrofílicas, podendo, assim, ser constituídos de água e ingredientes hidrossolúveis, tais como extratos e outros derivados de plantas que são tão populares nos dias de hoje. No entanto, os sticks, em sua maioria, são produzidos a partir de substâncias lipofílicas (ceras e óleos) em diversas proporções que permitam uma dureza ou rigidez específicas, mas também devem apresentar elasticidade suficiente para resistir a quebra ou rachaduras durante o uso (quando o usuário aplicará força sobre o produto).
O tipo de stick ao qual estamos mais habituados é chamado de sólido cristalino, como as ceras utilizadas em sua composição. O outro tipo é o sólido amorfo. A principal diferença entre os dois tipos de sticks pode ser medida pressionando o produto entre o polegar e o indicador, para determinar sua dureza. Um sólido cristalino quebrará (ou emitirá um bom estalo) entre os dedos. Quanto melhor o estalo, mais firme é o stick e mais cristalina eram as ceras. Já o sólido amorfo pode ser esmagado entre os dedos. Em ambos os casos, este método permite saber se sua formulação está muito dura ou muito macia e se tem muito ou pouca cera na formulação, dependendo de quão fácil ou difícil é esmagar o stick. É uma boa alternativa aos testes mecânicos, mas requer tempo e experiência, mas um bom formulador de sticks tem o que se chama de feeling para o assunto.
Um estrutura cristalina é mais indicada para batons, já que é necessário dureza, firmeza e certa elasticidade ao mesmo tempo. Por outro lado, um antiperspirante em stick precisa ser amorfo, pois geralmente contém quando quantidade de sólidos. Todavia, a aplicação do final produto é o que menos importa para este artigo, pois o formulador pode abusar da criatividade veiculando diferentes ativos, fotoprotetores ou pigmentos.
Os componentes mais importantes de qualquer stick cristalino são as ceras. Geralmente, elas são combinadas para se obter as propriedades individuais de cada uma das ceras em um mesmo produto.
Elas estão disponíveis em placas, escamas ou pellets, cada uma mais apropriada para uma aplicação específica, de acordo com a quantidade e o tipo de formulação a ser produzida. E cada cera tem a sua dureza e pontos de fusão específicos, que são o ponto chave para sua seleção.
As ceras serão o esqueleto de qualquer formulação stick bem sucedida. Muitas delas possuem ceras sintéticas para redução de custos, pois utilizam diferentes combinações de ceras e óleos que, juntos, produzirão um bom stick cristalino.
É importante observar que são as características pretendidas para a formulação final que determinarão quais matérias-primas serão utilizadas. Algumas atuam como solventes ou plastificantes e podem tornar o sistema de ceras muito macio, mas para a maioria das formulações esses ingredientes são componentes vitais.
Como formular sticks?
Uma regra para seguir é o total de 20 a 25% de ceras na formulação, dependendo da dureza e do ponto de fusão das ceras selecionadas. O restante da formulação são oleos, pigmentos e outros preenchimentos. É importante moldar o stick em uma fôrma.
Cada cera contribui com uma característica própria e as principais estão descritas logo abaixo:
- As ceras de candelila e carnaúba contribuem para o brilho, força e dureza. Entretanto, grande quantidade destas ceras produzirão um stick muito frágil e quebradiço.
- A cera de abelha é necessária para uma adequada contração/adaptação do stick e posterior liberação do molde.
- As ceras ozoquerita e microcristalina promovem plasticidade ao stick, dificultando a sua quebra durante a aplicação.
Todas as ceras trabalham em sinergia umas com as outras para a obtenção de uma formulação bem sucedida e todas contribuem com dureza desejada do produto.
O equilíbrio dos componentes da formulação são geralmente líquidos e óleos, que podem ser glicerídeos, álcoois graxos ou hidrocarbonetos fluidos, entre outros. Na maioria dos casos, os óleos (e algumas vezes sólidos de baixo ponto de fusão) são produto de ácidos e álcoois graxos (o já bem conhecidos ésteres). Como o número de álcoois e ácidos é enorme, há também grande variedade de combinações possíveis para se produzir estes ésteres. Portanto, a quantidade de ésteres (óleos) disponíveis para o formulador e bastante ampla e as características oferecidas por eles compreende praticamente todas as propriedades desejadas para uma formulação stick.
Opinião do autor: A intenção deste post foi trazer um pouco sobre sticks e formulações com ceras, que são muito pouco abordadas em cursos de cosmetologia. Portanto, a correta seleção das matérias-primas de um stick (ou qualquer outro produto) ditarão a qualidade do produto final e, não necessariamente, as ceras sintéticas e semi-sintéticas (mais modernas e mais caras) serão sinônimo de formulações aceitas pelo público-alvo. Uma boa combinação das boas e velhas ceras com alguns óleos podem ser mais vantajosas do ponto de vista: custo da formulação, sem contudo prejudicar o sensorial. Pensem nisso: nem sempre as novidades são a melhor saída (aliás, quase nunca… diga-se de passagem).
Em hipótese alguma minha intenção é fornecer um formulário ou um padrão a ser seguido. Bons formuladores utilizam do conhecimento e da criatividade para produzirem produtos que, ainda nos dias de hoje, possam surpreender seus consumidores. E isto só pode ser alcançado como resultado de muito estudo e dedicação.
Artigo original: MORANTE, N. Formulating sticks for various cosmetic aplications. Disponível em: http://www.specialchem4cosmetics.com/services/articles.aspx?id=2497&lr=fbcos0731&li=3821. Acesso em 16/11/2007.