Ftalatos: Quem são? Estão mesmo presentes em cosméticos?

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As manchetes sobre riscos dos Ftalatos em cosméticos, alimentos, embalagens, tintas e etc são inúmeras como podemos encontrar em editoras diversos sites e notícias, porém o que se mostra são as incertezas.

Sempre que se usa a palavra “pode conter” ou “pode causar” expressa-se um sentido de que não é uma informação exata, por isso precisamos estar atentos ao que realmente acontece.

Ftalatos são ésteres formados pela reação entre o ácido ftálico e um álcool (metanol, butanol, etanol, dentre outros) com função plastificante.

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De um modo geral temos Ftalatos com alto peso molecular (por exemplo di(2-etilhexil) ftalato [DEHP], di-isononil fatalato [DiNP], di-n-octil ftalato [DnOP]), os quais são utilizados na fabricação do vinil flexíveis, revestimento de pisos e paredes, aplicações de contato com alimentos e dispositivos médicos.

Já os Ftalatos de baixo peso molecular (por exemplo, dietill ftalato [DEP] e dibutil ftalato [DBP]) são utilizados em cosméticos (principalmente em composições de fragrâncias), solventes e plastificantes para acetato de celulose (utilizado em filtros) e indústria tinteira e revestimentos, incluindo os utilizados pela indústria farmacêutica.

 

Dependendo da procedência, o plástico pode conter ftalatos.
Foto: mrpuen / FreeDigitalPhotos.net

Ftalatos em cosméticos

Como citamos diversas referências de aplicações dos Ftalatos, precisamos dar foco ao universo cosmético, a partir do que temos de material já publicado em nossa área.

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Dentro da legislação sanitária, conforme RDC 83 de junho de 2016, algumas moléculas do ácido ftálico foram proibidas e outras são permitidas com restrições nas concentrações.

De um lado, os derivados deste ácido são ótimos plastificantes utilizados em finalizados capilar e do outro, são substâncias toxicológicas avaliadas de uma forma geral e que pode prejudicar a imagem do produto final, cabe ao consumidor e ao empreendedor ter a consciência e o risco.

PRÓS CONTRAS
Custo: foram os ftalatos utilizados como plastificantes de PVC desde os primeiros dias de PVC flexível. O colapso dos preços do petróleo em 2015 reduziu ainda mais o preço dos produtos petroquímicos, incluindo os ésteres de ftalato. Alguns substitutos de ftalatos, nomeadamente produtos baseados na biodiversidade, contém preços maiores de matéria-prima, portanto é presente o diferencial de custo.

Performance: Alguns dos produtos de substituição ftalato (atualmente) mais amplamente utilizados têm limitações de processabilidade e permanência.

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Abastecimento: O mercado mundial de plastificante é muito grande, mais de 7 milhões de toneladas por ano. Ainda a capacidade produtiva dessas substituições não é suficiente para produzir volumes de ftalato.

Pesquisas sobre os efeitos na saúde de plastificantes de ftalato estão em andamento e juntamente com a atenção da mídia, há o aumento da sensibilização do público para os potenciais efeitos humanos adversos, portanto impulsionam mudança.

Os ftalatos proibidos pela CPSIA e os ftalatos rotulados como substâncias de grande preocupação pelo REACH têm toxicidades agudas e crônicas baixos. Os ftalatos estão sendo regulados por causa da possível toxicidade reprodutiva e possíveis problemas de desenvolvimento de carcinogenicidade.

Algumas opções de plastificantes que podemos citar são:

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  • Ésteres de tereftalato;
  • Derivados vegetais epoxidados;
  • Ésteres de citrato;
  • Ésteres de ácido dibásicos alifáticos;
  • Ésteres de adipato e entre outros.

É válido colocarmos na balança o claim e prospecções de regulamentações e se haveria viabilidade em aplicar ou não tais derivados do ácido ftálico?

Referências
David RM, McKee RH, Butala JH, et al. Esters of aromatic mono-, di-, and tricarboxylic acids, aromatic diacids, and di-, tri-, or polyalcohols. In: Bingham E, Cohrssen B, Powell CH, eds. Patty’s toxicology. New York: John Wiley and Sons, 2001:635–932;
ATSDR. Toxicological profile for di-n-butyl phthalate (DBP). Atlanta, GA: Agency for Toxic Substances and Disease Registry, 2001;
Barel, Andre O.; Paye, Marc; Maibach, Howard I. – Handbook of Cosmetic Science and Technology, Ed. Marcel Dekker Inc., 2001.

Por João Victor Dalaneze

Redator. Químico e Especialista em produtos capilares pelo Instituto Manchester Paulista de Ensino Superior do grupo Veris Faculdades. Especialista em Legislação Ambiental e Sanitária pelo SENAC/SP. Pós-graduado em Gerenciamento de Projetos pelo SENAC/SP e MBA em Cosmetologia pelo IPUPO.