A essa altura todos já ouviram falar sobre maskne, mas afinal o que é e como prevenir? Embora sejam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ajudem a prevenir a propagação da COVID-19, protegendo aqueles à nossa volta e a nós mesmos, as máscaras não são necessariamente confortáveis. Um estudo publicado no Jornal da Academia Americana de Dermatologia (Journal of the American Academy of Dermatology) mostrou que 76% dos profissionais de saúde na linha de frente, que usam uma máscara N95 em conformidade com os guias de segurança, sofreram danos de pele na face. E o problema piora quando esses profissionais precisam sobrepor vários EPIs, como máscaras faciais sob óculos de segurança e viseira protetora.
Respeitadas as proporções, a população em geral também adotou uma rotina mais intensa de uso de máscaras, o que pode levar ao mesmo tipo de dano na pele. Mais especificamente, o dano decorrente do uso prolongado de máscaras e outros EPIs agora é popularmente conhecido como “maskne”. E tudo indica que todos nós vamos (ou ao menos, devemos) continuar usando máscaras por um bom tempo. Então, o que podemos fazer agora para prevenir as consequências da maskne amanhã? Como manter a pele sadia e a autoestima elevada neste cenário? Acompanhe a seguir.
A sobreposição de máscara e outros EPIs intensifica a maskne.
Foto: EVG Culture / Pexel.
Como as máscaras de proteção causam irritação, acne e outros danos na pele?
Quando usamos um ou mais EPIs, a nossa pele está sujeita a dois fatores de risco importantes – o acúmulo de umidade e de pressão.
O tecido usado em máscaras cirúrgicas foi desenvolvido para prevenir que gotículas cheguem às vias respiratórias, o que também faz com que as máscaras sejam altamente eficientes em reter umidade (no caso, do suor e da respiração). Em pouco tempo, a pele fica saturada em umidade, desequilibrando a barreira cutânea e facilitando a penetração de agentes irritantes e micro-organismos no estrato córneo. Irritação, inflamação, hiperpigmentação, acne, foliculite, e dermatite são alguns dos danos de pele decorrentes do uso de máscaras por horas a fio. Estes problemas são ainda mais agressivos no caso de profissionais de saúde, já que eles(as) não podem aplicar hidratantes e protetores da pele sob a máscara, por causa do risco de interferir com a vedação.
Além disso, óculos e viseiras de proteção adicionam uma quantidade inusitada de pressão sobre a estrutura da pele, causando fricção e escoriação nos pontos de contato com a face.
Foto: Yaroslav Danylchenko / Pexel
Como lidar com os danos de pele relacionados ao uso intensivo das máscaras?
A prevenção certamente é a melhor alternativa. Portanto, se possível, ajuda fazer pausas de 15 minutos após usar a máscara e os EPIs por um período de 2-4 horas consecutivas. A pausa pode aliviar a pressão e reduzir o excesso de umidade na pele. Profissionais na linha de frente também podem testar métodos seguros de minimizar a pressão promovida pelos EPIs. O desafio é fazer isso sem colocar em risco a efetividade de vedação da N95. Um exemplo substanciado por pesquisadores é adaptar curativos atraumáticos de silicone em tiras de proteção, colocando-as na área de contato entre a pele e a N95.
Práticas que buscam aliviar o estresse também têm um impacto positivo sobre a saúde da pele. A vida em si já tem seus altos e baixos, e a tensão e o isolamento social devido à COVID-19 apenas agravam o dano – inclusive os danos de pele. Portanto, eleve o seu bem-estar por meio de atividades de lazer como ioga, meditação, e exercícios ao ar livre. Desabafar com os amigos também é uma excelente estratégia para enfrentar todo o estresse – logo, conte a sua história e escute os outros. Sua pele lhe agradece!
Finalmente, certifique-se que sua rotina de cuidados com a pele está trabalhando a seu favor. Se você não tem certeza se realmente desenvolveu maskne, ou se sua pele não está se recuperando mesmo com todo o cuidado, vale a pena consultar um dermatologista.
Foto: Andrea Piacquadio / Pexel
Quais os cuidados com a pele que complementam uma rotina intensa de uso de máscaras?
Aqui segue uma lista essencial de cuidados com a pele que talvez você queira incluir na sua rotina, ou praticar com mais diligência:
- Se você notou acne relacionada ao uso da máscara, lave o rosto com um sabonete líquido suave próprio para a face (cleanser), ou um sabonete líquido antiacne. Manter a pele limpa é prioridade número um depois de toda aquela exposição à pressão e umidade.
- Aplique um hidratante leve não-comedogênico depois de lavar o rosto. Repor os nutrientes adequados ajudará a pele a se curar e se preparar para o próximo turno com máscara.
- Considere usar uma loção que absorve suor. Pacientes com hiperidrose conhecem estes produtos muito bem, e eles diminuem o acúmulo de umidade sob a N95. Em alguns países, como os EUA, pode-se comprar antisperpirantes próprios para face, o que vem a calhar no clima brasileiro. Coloque na lista para a sua próxima viagem!
- Se a sua pele já está seriamente afetada, pergunte ao seu dermatologista sobre medicamentos que regeneram a barreira cutânea, como a loção de calamina, de ureia, de alantoína, de aveia coloidal, ou de óxido de zinco.
- Uma ou duas vezes por semana, presenteie-se com uma sessão de spa detox em casa. Máscaras cosméticas de argila são um ritual milenar que podem ativar a microcirculação sob a pele acelerando a recuperação.
Nós esperamos que essas dicas lhe ajudem a compreender melhor a maskne, e a reconquistar o aspecto saudável da sua pele!
Referências:
Skin damage among healthcare workers managing coronavirus disease-2019
Moisture-associated skin damage: causes and overview of assessment, classification and management
COVID-19: injury prevention from N95 masks
Healing the healer: protecting emergency health care workers’ mental health during COVID-19
Effect of mud pack treatment on skin microcirculation