Se você se interessou por esse texto, não deixe de ler nosso texto sobre build-up, lá tem informações atualizadas e que complementam esse artigo sobre petrolato. Não deixe de conferir.
O Petrolatum ou Petroleum Jelly, popularmente conhecido no Brasil como vaselina (e atualmente também chamado de petrolato por um grupo específico de consumidores), é um derivado de petróleo com propriedades hidratantes e cicatrizantes. O Petrolatum é obtido a partir de uma série de purificações do petróleo bruto, da mesma forma que são obtidos outros derivados do petróleo como a parafina sólida ou cera mineral (INCI: Paraffin), a parafina líquida ou óleo mineral (Mineral Oil), a cera microcristalina (Microcrystalline Wax), a ozoquerita (Ozokerite), as isoparafinas, o isododecano (Isododecane) e outras parafinas (hidrocarbonetos em geral).
A composição do Petrolatum é bastante complexa e difícil de determinar com precisão, como acontece com todo produto de origem natural, mas sabe-se que é composto por moléculas com peso molecular entre 450 e 1000 Da. Sabe-se também que se trata de uma mistura de hidrocarbonetos presentes tanto no óleo mineral como na cera mineral, embora o Petrolatum não possa ser simplesmente obtido em laboratório pela combinação de cera e óleo minerais. Quer dizer, o Petrolatum contém outras substâncias específicas (outros hidrocarbonetos), em quantidades peculiares, que lhe conferem propriedades bastante distintas das outras parafinas.
Na verdade, o Petrolatum foi patenteado para uso cosmético pela primeira vez em 1872 (há mais de 144 anos!) e é provavelmente uma das substâncias mais estudadas para uso cosmético, junto à glicerina (Glycerin), à ureia (Urea) e ao talco (Talc). Estudos in vivo disponíveis na literatura mostram que o Petrolatum tem maior potencial hidratante para a pele seca que outros ingredientes naturais como a lanolina (Lanolin), o óleo mineral (Paraffinum Liquidum /Mineral Oil) e o óleo de oliva (Olive Oil). Em produtos para o cabelo, o Petrolatum é capaz de oferecer lubrificação para facilitar a modelagem e o penteado, proteger contra agressões térmicas, realçar o brilho, proteger o couro cabeludo contra a irritação causada pelos produtos relaxantes e alisantes, assim como criar um filme em torno do fio de cabelo, mantendo-o hidratado e conferindo maior resistência à quebra.
Contudo, a textura e o sensorial do Petrolatum podem ser um tanto desagradáveis para aplicação direta sobre a pele ou cabelos, de modo que muitas formulações emulsionadas foram desenvolvidas ao longo das décadas. Essas emulsões contém água e tensoativos, entre outros ingredientes, os quais reduzem o sensorial oleoso proporcionado pelo Petrolatum e também facilitam a sua remoção na hora da lavagem.
Foto: Reprodução / Remédio Caseiro.
Quando o Cosmética em Foco me pediu para escrever sobre o Petrolatum eu fiquei aterrorizado, pasmo mesmo, com a quantidade de absurdos e bobagens que se propagam na internet em blogs e vlogs de pessoas que claramente não sabem do que estão falando. E pior, algumas dessas pessoas começaram a clamar “estudos científicos” para que seus argumentos soassem mais verdadeiros! Confesso que procurei por artigos que dissessem algo ao menos semelhante com o que se encontra por aí na internet e não encontrei nada daquilo… Essa distorção da informação é medonha, seja por parte dos fabricantes de cosméticos ou dos próprios usuários.
O primeiro erro encontrado na mídias virtuais foi o uso do termo “petrolato” pra se referir a todos os derivados de petróleo. Tecnicamente, Petrolatum é diferente de óleo mineral e de parafina, entre outros, mas até aí tudo bem! Vamos aceitar este neologismo que é até conveniente! O que mais me preocupou foram os seguintes argumentos exagerados e falsos:
- “Estudos científicos comprovam que os óleos vegetais são melhores que os petrolatos porque conseguem chegar até o córtex do cabelo e nutri-lo. Já os petrolatos ficam apenas na superfície do fio formando uma barreira”;
- “Os petrolatos formam um filme ao redor dos fios que se acumula com as aplicações e não dá pra remover nem com xampu antirresíduos”;
- “Os petrolatos se acumulam nos fios de cabelo impedindo que outros ingredientes nutritivos possam chegar até o córtex do fio e, apesar de seu excelente efeito imediato, na verdade, apenas enganam o consumidor com uma aparência de cabelo saudável!”. Mas chega de dar asas a esse tipo de imaginação enganosa e improdutiva, e vamos aos fatos!
A primeira verdade é que nenhum produto cosmético é capaz de nutrir os cabelos. O cabelo é composto por fibras provenientes de células mortas e o que está morto não precisa de ‘nutrição’. Na verdade, o ser humano morre, é enterrado e o seu cabelo vai continuar lá talvez por mais tempo que aquele próprio ser humano permaneceu em vida na Terra. Se fosse tecido vivo, ia doer pra caramba na hora de cortar! O cabelo tem uma estrutura naturalmente muito resistente e o seu aspecto pode ser melhorado por meio de ‘hidratação’ e ‘lubrificação’, entre outros cuidados. O que pode ser nutrido é o bulbo capilar, a raiz do cabelo. Ainda assim, essa nutrição é mais eficiente se feita internamente, por meio da corrente sanguínea (por ex.: alimentação saudável!). Afinal, os produtos cosméticos como xampu, condicionador e máscaras ficam muito pouco tempo em contato com o couro cabeludo para proporcionar qualquer nutrição.
Foto: Reprodução / TV Globo.
Nas minhas pesquisas, eu não encontrei qualquer trabalho que mencione que os óleos vegetais são mais eficientes que os derivados do petróleo em termos de lubrificação e hidratação. Na verdade, é de se esperar que qualquer substância oleosa aplicada sobre os fios de cabelo irá formar um filme protetor que impede que o fio perca água para o ambiente, proporcionando maior hidratação! As moléculas de água não sabem se aquele óleo é de origem mineral ou vegetal e vão ser repelidas da mesma maneira, embora algumas estruturas químicas sejam mais hidrofóbicas (repelente de água) que outras! Na verdade, há estudos que comprovam que o Petrolatum é mais eficiente em evitar a perda de água que outros óleos naturais.
Eu também não encontrei qualquer referência científica que mencione que os petrolatos se acumulam no cabelo a ponto de não serem removidos pelos xampus. Os tensoativos usados nos xampus, seja antirresíduos ou não, low poo ou não, ou até mesmo nos condicionadores, são muito eficientes. Ainda que os petrolatos não sejam solúveis em água, a presença desses tensoativos nos xampus e na própria emulsão que veiculou os petrolatos até o cabelo permite que essas substâncias sejam carregadas pela água da lavagem.
Portanto, se o seu cabelo tem um aspecto desidratado e sujo, as chances são muito maiores de você estar lidando com outro tipo de problema que o acúmulo de petrolatos. Na realidade, é muito provável que você não esteja fazendo uma lavagem apropriada dos seus cabelos. Além de utilizar o xampu em uma ou duas aplicações, conforme a necessidade, a lavagem também requer uma boa massagem dos cabelos e do couro cabeludo. Aliás, aproveito pra recomendar a esfoliação suave do couro cabeludo (prefira esfoliantes sem microplásticos)! E o uso de um condicionador ou máscara também é recomendado para restabelecer o excesso de óleos que os xampus tendem a remover dos seus cabelos. Experimentar produtos diferentes até encontrar os que te deixam mais à vontade também é uma boa estratégia!
Foto: marin / FreeDigitalPhotos.net
Contudo, os petrolatos têm também suas desvantagens. Primeiro, uma parcela muito pequena da população tende a ter alergia de contato aos petrolatos. Por isso, é preciso conhecer bem a si mesmo e saber ao que você é alérgico! Antes de usar um produto novo, aplique sempre uma pequena quantidade nos antebraços e aguarde algumas horas antes de usar novamente. Se você não perceber nada diferente, provavelmente o produto é seguro para o seu uso! Mas procure orientação médica para ter certeza.
Como todo derivado de petróleo, o uso do Petrolatum tem um impacto ambiental considerável! Se você se preocupa com o meio ambiente e quer manter um planeta saudável para as próximas gerações, talvez seja melhor dar preferência a ingredientes que sejam mais facilmente renováveis, como os óleos e manteigas vegetais, especialmente aqueles com certificação orgânica e livres de Greenwash! Esta sim é uma boa razão para dizer não aos petrolatos…
Olá, Ivan! Gostei do texto. Esse assunto me interessa muito e procuro me aprofundar bastante. Qual sua opinião sobre o uso de óleo mineral e parafina em cosméticos para a pele? Em cursos de cosmetologia que tenho feito são apresentados estudos que mostram relação com dermatites e acne, contaminação com o agente 1,4 – Dioxano. E por não terem nenhum nutriente os óleos e manteigas vegetais sempre são citados como melhores opções pois são ricos nos ácidos graxos essenciais.
Olá Juliana! Ficamos felizes que tenha gostado do texto! Em relação à pele, penso um pouco diferente. Ao contrário dos cabelos, a pele é um tecido vivo e faz mais sentido falar em nutrição. A opção por óleo mineral e outras parafinas depende do objetivo que você tem em mente. Certamente, os derivados de petróleo são mais baratos e como mostrado acima a vaselina é mais eficiente que muitos outros produtos naturais. No entanto, a vaselina, o óleo mineral e a parafina tem diferentes graus de pureza e, dependendo de como são tratados, é possível mesmo que haja maior risco de irritação. Inclusive, estou trabalhando num texto sobre a qualidade dos óleos minerais disponíveis… você poderá ler em breve! Para a pele, eu gosto bastante dos óleos e manteigas vegetais, bem como dos ésteres derivados de produtos naturais e, em alguns casos, acho interessante a combinação de componentes minerais e vegetais! Tudo depende do seu público! O fato de haver uma relação entre o óleo mineral e a acne não significa que todo mundo que usar um produto com óleo mineral vai ter espinha. É preciso pensar num equilíbrio entre sensorial, demanda dos consumidores, meio ambiente e custo! Fique à vontade pra escrever sempre! Um abraço!
ótima matéria
Muito obrigado Lenice!
Olá, só gostaria de saber sua opinião sobre o abolimento que você tanto critica do Petrolatum. As garotas que utilizam das técnicas low e no poo, viram muito mais resultador em duas semanas sem esse componente do que em suas vidas inteiras com ele nos produtos. Como ele pode ser tão bom então?
Raiane, no poo e low poo são propostas que têm como um (apenas um) dos pilares o não uso de óleo mineral e vaselina. Enquanto aguardamos a resposta do Ivan, temos alguns textos publicados sobre no poo e low poo. Há ainda outros previstos e você pode enviar suas dúvidas sobre o assunto.
Olá Raiane! Muito obrigado pelo seu comentário! Pessoalmente, eu acho que é muito importante as pessoas pararem de usar o Petrolatum porque ainda que ele seja eficiente para hidratar e lubrificar, ele é um ingrediente de maior impacto ambiental que as alternativas mais verdes. Eu também sou super a favor da experimentação. Eu acho que as pessoas devem testar diferentes produtos, com ou sem petrolato, até encontrarem o que melhor se adapta ao seu tipo de cabelo. Afinal, existem boas e más formulações, com ou sem petrolato. E para algumas pessoas o petrolato é eficiente, para outras não. E isso é provavelmente verdade para todos os ingredientes cosméticos. Mas, o mais importante é que ninguém deve se preocupar com a minha opinião. Você e toda a comunidade Cosmética em Foco devem ter o direito de ter acesso à informação correta para poderem formar sua própria opinião sobre o assunto. Portanto, eu fico indignado quando as pessoas tentam se valer de estudos científicos que não existem pra tentar provar seu ponto de vista! Eu também me pergunto se as pessoas que testaram o petrolato e gostaram, se deram ao trabalho de fazer vídeos sobre ele… De qualquer forma, não se dê por vencida. Quando se trata de beleza, a única opinião que importa é a sua! E o CFOCO está aqui pra lhe ajudar a encontrar informação confiável.
“A primeira verdade é que nenhum produto cosmético é capaz de nutrir os cabelos. O cabelo é composto por fibras provenientes de células mortas e o que está morto não precisa de ‘nutrição’.”
MEIA VERDADE: dentro do fio há uma “geleia-adesiva” (chamada CMC) que mantém as fibras de queratina reunidas e as escamas coladas por cima do feixe de fibras de queratina. Essa geleia-adesiva é feita de proteínas, açúcares+água e gorduras. Nutrição/ Umectação ajuda a repor as gorduras dessa geleia-adesiva, Reconstruções repõe proteína e Hidratação repõe água e açúcares, todas através da difusão (do creme/óleo, onde esses componentes estão em maior quantidade para o cabelo onde esses componentes estão em menor quantidade).
A velocidade com que essas substâncias vão penetrar no cabelo e se elas vão continuar lá após o enxágue depende da POROSIDADE do cabelo.
~ Estudar bem um lado do problema e ignorar o outro lado do problema leva as pessoas a tirarem conclusões precipitadas~
Olá Deborah! Muito obrigado por seu comentário! No CFOCO, nós buscamos basear nossos textos em levantamentos que fazemos da literatura científica. Eu mesmo sou um cientista principiante, mas procuro sempre ler e citar os trabalhos de cientistas renomados. Contudo, quando fazemos uma busca na literatura acadêmica, às vezes elas acabam sendo injustas pois podemos deixar algo passar batido. Eu e meus colegas do CFOCO nunca encontramos um artigo que tratasse os cabelos como um tecido vivo. Por isso, ficaríamos muito gratos se você pudesse nos indicar a literatura em que você baseou seu argumento. Ficamos sempre curiosos quando encontramos algo novo!
De imediato, posso dizer que nós concordamos com você quando diz que o cabelo contém, além da queratina, outras substâncias que mantêm a lubrificação e a hidratação do cabelo. Também concordamos que é importante repor algumas dessas substâncias que se perdem com as agressões do ambiente, principalmente a água e as gorduras. Afinal, o próprio couro cabeludo produz um ‘sebo’ que, bem ou mal, naturalmente exerce tal função. No entanto, no nosso entendimento, o fato da fibra capilar conter essas substâncias não significa que ela esteja viva e que precise ser nutrida. É importante sim repor essas substâncias que hidratam e lubrificam o cabelo; mas acreditamos que o termo ‘nutrição’ não é apropriado e vou explicar o motivo: a nutrição é um processo biológico em que as células utilizam nutrientes para produzir energia e realizar suas funções vitais. Por exemplo, de maneira resumida, quando nos alimentamos, o estômago faz a digestão quebrando as proteínas, carboidratos e outros nutrientes, em moléculas menores como os aminoácidos, os açúcares etc. Esses nutrientes são absorvidos no intestino e distribuídos por todo o corpo pela corrente sanguínea. Depois, em nível celular, os nutrientes passam por diversas vias metabólicas (nomes como glicólise, ciclo de Krebs etc.) para gerar moléculas que reservam energia (como os ATPs). E essa energia estocada eventualmente será usada pelas células. Contudo, isso não ocorre nos cabelos… pois as células já se queratinizaram e não realizam mais funções vitais. Elas não precisam de nutrientes. Mas a estrutura formada pelas fibras de proteínas do tipo queratina com certeza se beneficiam de substâncias ditas ‘substantivas’ ao fio de cabelo, que atuam restaurando a hidratação e a lubrificação. Mais uma vez, muito obrigado por nos proporcionar essa reflexão!
Minhas fontes são as publicações científicas da fisiologia do cabelo humano. Creio q u a busca google por “human hair shaft fisiology” ou “human hair shaft histology” deva retornar resultados mais mastigados. CMC = complexo de membrana celular, colocando isso no google talvez vcs encontrem algo em português.
Hum… Muito interessante, sempre ouvi falar sobre petrolatos e por ser comentários ruins fiquei muito receosa de usar, é muito bom ter um artigo como esse baseado em ciência para explicar melhor este assunto, mas quem é Ivan Souza? Quer dizer, que tipo de profissional ele é?
Olá Natália. Obrigado por seu comentário. Buscar fontes científicas é uma das premissas do Cosmética em Foco. Principalmente no caso de assuntos polêmicos, como o petrolato.
Para conhecer nossa equipe, você pode clicar nesse link. Lá você vai ver que o Ivan é Farmacêutico e também tem doutorado em Ciências Farmacêuticas. Todos os autores do Cosmética em Foco são Farmacêuticos ou Químicos e com pelo menos um curso de pós-graduação.
Obrigada pela resposta fiquei muito satisfeita. Conheci este site através do link dessa postagem no Facebbok e agora com certeza farei mais visitas. Parabéns pela iniciativa.
Estou em um grupo, onde todos que aderiram utilizar low/no poo viram uma melhora gritante no cabelo, especialmente as de cabelo cacheados.
A utilização dessa técnica com o uso de apenas óleo vegetal salvou muitos das escovas progressivas, as pessoas do grupo mostram os cabelos cacheados e definidos.
Obrigado pelo comentário Juliana. O objetivo do Cosmética em Foco não é dizer o que é certo ou o que é errado. Nosso objetivo é oferecer informação para que cada leitor possa compreender e formar sua própria opinião. Temos conversado com várias pessoas que participam de grupos relacionados aos cosméticos e temos nos colocado a disposição para sugestão de temas. Vamos pesquisar na literatura científica e consolidar a informação. Sinta-se à vontade para sugerir assuntos.
Olá Juliana! Obrigado por participar! A técnica low/no poo é uma alternativa muito interessante e certamente tem seu crédito. Fico feliz em ouvir que funciona pra você e pra muitas outras pessoas. O fato de defendermos o uso do petrolato não significa que não haja outros produtos no mercado que sejam tão bons quanto ou melhores. De fato, cada consumidor precisa encontrar o que é melhor pra si!
Hoje em dia vejo as pessoas serem lançadas para um lado e para o outro sem saber em que acreditar. Seja em assuntos sobre alimentação, religião, medicamentos ou/e cosméticos. E não é culpa das pessoas não saberem, antes a credibilidade na fala dos profissionais eram menos instáveis, hoje “qualquer” pode criar uma hipótese e sair falando e divulgando na Internet.
Concordando com o texto acima, só nos resta observar o que nos cabe melhor, respeitando a opinião alheia se esta não vim de encontro com a sua. Sou bióloga e sou da linha de pesquisa do uso das plantas medicinais, muitos acreditam que muitos usos de “plantas” são empíricos, mas há quem use e obtenha a cura.
Então voltando ao grosso modo de falar “Cada cabeça é um mundo” realmente observem , estudem pois tudo mudou em relação a ” comida” e “cabelo”.
Parabéns Ivan e equipe pela iniciativa.
Muito obrigado Jéssica!
Para as pessoas que fazem a técnica low poo o grande vilão não são os petrolatos e sim o sulfato, pois o mesmo agride muito o cabelo, os petrolatos, óleo mineral e parafinas são proibidos para a técnica pois só o sulfato forte consegue limpar eles de forma eficiente, pois eles se acumulam no cabelo, porém assim como o sulfato limpa esses resíduos ele também tira o sedo natural do cabelo. Como o próprio nome da técnica diz, menos shampoo ou para as adeptas de No pow, sem shampoo algum…
Obrigado pelo comentário Tatiane. Temos um texto que fala sobre a técnica original do no poo e low poo. Já esclarecemos nos comentários que outros tensoativos aniônicos além dos sulfatos têm potencial para remover petrolato, óleo mineral, parafina e diversos outros ingredientes oleosos, bem como a sujidades presentes nos cabelos e couro cabeludo. Como por exemplo, os glicosídeos, glutamatos, isetionatos e tauratos, dentre muitos outros. Estamos trabalhando em uma atualização para o texto sobre no poo e low poo para incluir outros pontos de atenção colocados por você e outros leitores.
Gostei da matéria quando a gente diz algo devemos provar científicamente se não não tem valor.
Muito obrigado por sua participação Damares! Seja sempre bem-vinda ao CFOCO!
Eu que sempre fui péssima em química e biologia lendo este artigo! Mas gostei muito e depois dele vou tentar unir o melhor de cada componente/produto.
Por acaso vocês conhecem algum órgão que analise cabelo? Gostaria de enviar o meu para análise.
Olá Maria Célia! Fico contente que tenha gostado do texto! Os laboratórios que eu conheço normalmente trabalham com grandes volumes de análises e não são tão acessíveis para o consumidor! Mas vou consultar os outros membros do CFOCO e em breve você terá uma nova resposta!
Obrigada por responder.
Olá, Ivan, vi o link deste texto justamente em uma página sobre a técnica low/no poo. Sou extremamente leiga quando se trata deste assunto, mas pelo que eu li, e por experiência própria, o que, de fato, prejudica o cabelo são os sulfatos contidos nos shampoos, mas só com tais sulfatos eu conseguirei retirar petrolatos, parafina e óleos insolúveis, logo pra não precisar fazer uso dos sulfatos e evito usar substâncias que não poderão ser removidas sem ele. Isso é o que venho lendo. Minha pergunta é: posso continuar usados cremes e condicionadores contendo petrolato e óleos insolúveis mas sem usar shampoo com sulfatos fortes? Shampoos denominados “low poo” irão fazer a limpeza correta do meu cabelo?
Maria Eduarda, obrigado pelo comentário. Os produtos chamados low poo têm sim poder de limpeza suficiente para higienizar corretamente os seus cabelos e couro cabeludo. Já tratamos do no poo e do one condition da linha DevaCurl aqui no Cosmética em Foco. Se você for se sentir mais segura, pode nos sugerir produtos para a coluna Leia o Rótulo e avaliamos a composição.
Olá Maria Eduarda, obrigado por participar! Se você já segue a tendência low/no poo, provavelmente você já não usa mais produtos com petrolato. Se está tendo bons resultados, continue, pois estes xampus também são bastante eficientes! Na verdade, embora eles talvez não espumem tanto quanto os xampus com sulfato, os low/no poo também tem um poder de limpeza muito eficiente. Agora, pra ser coerente com o texto, faça o teste e descubra o que te faz sentir melhor! Lembre-se: a sua opinião é a única que deve importar!
Falam que não há artigos científicos que dizem que os Petrolatos são prejudiciais mas o texto também não provem de estudo/artigo nenhum.
Olá Fernanda! Obrigado por seu comentário! Ao final do texto, eu deixo duas referências nas quais me baseei pra escrever o texto, entre outros trabalhos que li. O primeiro é um capítulo de livro que aborda muito bem o uso de petrolato em cosméticos. Este capítulo cita diversos artigos científicos e compõe o livro de dois grandes químicos cosméticos. Na verdade, a vaselina é um produto tão antigo que não há trabalhos recentes falando de sua eficácia, pois como muitos estudos já foram feitos no passado, acredita-se que não há mais novidade pra se publicar. No entanto, eu procurei por artigos científicos, recentes e antigos, falando sobre algum tipo de dano que o petrolato possa trazer aos cabelos e realmente não encontrei. A outra referência é um artigo publicado na revista Contact Dermatitis, da conceituada editora Wiley, em que se conclui que as reações alérgicas ao petrolato são ‘extremamente raras’. No CFOCO, nós somos extremamente comprometidos com a informação de qualidade científica, quando ela está disponível.
Na verdade, industrias e blogueiros odeiam a ideia das pessoas começarem a usar produtos naturais, sabe como é ? não dar dinheiro e nem parcerias…
Vejamos, sabemos que para algo hidratar é necessário que contenha água ou gordura boa, portanto óleos e manteigas vegetais contém essa gordura necessária para hidratação além de vitaminas e nutrientes; nos cosméticos em sua maioria não encontramos nada disso, muito menos na parafina, no óleo mineral e entre outros… A utilização desses produtos é feita para diluir certos produtos, dar o efeito brilho (falso) nos cabelos, ajudar a desembaraçar os fios, porque toda textura oleosa faz isso, e causar um efeito de redução de volume. Mas, por que não usam óleos vegetais ? Simples ! os óleos vegetais tem prazo de validade muito curto, eles apodrecem, o cheiro forte da fruta geralmente não agrada os consumidores acostumados com produtos aromaticamente manipulados, e para disfarçar esses ‘odores’ é muito difícil, gasta mais (R$) com essências. Os óleo vegetais são excelentes para hidratação, brilho e redução de volume; aplique e deixe agir por 2 horas, por uma semana, e não gastará com relaxamentos que só acabam com seu cabelo com o passar das aplicações. Outra coisa, para remover esses derivados do petróleo é necessário muito shampoo com sulfato de sódio, que também não faz bem.! Bom, eu acredito que o que não podemos ingerir, não faz bem nem para pele e nem para o cabelo. Mas enfim, coisas que podemos fazer em nossas casas ou pegar no nosso quintal não dá dinheiro, nem parcerias, não é mesmo ?
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra Amanda. Você está certa, há de fato resistência em novos hábitos e no uso de novos ingredientes que fogem do tradicional. Mas isso nunca foi problema no mundo em que vivemos, as mudanças uma hora ou outra acabam acontecendo.
Os óleos vegetais são muito mais caros que o óleo mineral e a vaselina, além de ter o inconveniente que você citou bem que é a maior probabilidade de oxidação e rancificação. Usar mais perfume não é a melhor alternativa, pois além de fragrâncias serem ingredientes caros, elas podem desestabilizar o produto. Para evitar o mal odor de óleos vegetais existem vários antioxidantes (e vamos abordá-los em breve aqui no Cosmética em Foco).
Sobre a hidratação, vamos colocar esse tema em uma pauta futura, pois há uma grande dúvida em relação a isso. Há diferentes tipos de mecanismos de hidratação da pele. No caso específico da vaselina, o mecanismo é o oclusão. Isso significa que ela forma uma barreira que impede que a pele perca água e se mantenha hidratada. Em outras palavras, ela impede que a pele desidrate.
Não temos informação sobre essa ação “relaxante” dos óleos vegetais, então não podemos comentá-la. Mas aplicar muitos óleos vegetais diretamente nos cabelos e com muita frequência, pode aumentar a probabilidade de ocorrência de alguma dermatite de contato devido à composição fitoquímica dos óleos vegetais. Não significa que façam mal, apenas que é necessária certa cautela no uso. Não abusar é sempre uma boa opção. Procurar acompanhamento de dermatologista também é sempre recomendado em caso de qualquer ação inesperada.
Os brasileiros, mais especificamente as brasileiras, sempre fizeram receitas caseiras e sempre farão. Está na nossa herança cultural. Desde nossas bisavós já existiam receitas caseiras para a pele e os cabelos. E elas dão dinheiro sim! Todos os produtores e vendedores dos produtos que são consumidos em receitas caseiras ganham com isso. Em algum momento a receita caseira usa um produto vendido por alguém. Cabe às empresas conhecerem esses hábitos das consumidoras e enxergarem onde podem ser úteis e oferecer os produtos e serviços necessários para se manterem no mercado. O pessoal de marketing é bom nisso. Ninguém vai ficar sem mercado por causa de uma receita caseira.
O que nós defendemos no Cosmética em Foco é que a informação seja confiável. Então, usar uma receita caseira deve também ter orientação e pesquisa, pois no passado muitas mulheres se embelezavam com ingredientes que anos mais tarde foram descobertos tóxicos (vamos colocar isso pauta também).
Muito obrigado por seu comentário e por levantar questões sobre o assunto. Assim construímos o conhecimento juntos. A equipe do Cosmética em Foco gosta disso e buscar informação para ser difundida é uma das coisas que que nos faz feliz!
Gostaria da opinião a respeito de lipbalms que possuem petrolato na composição….o Chapstick, por exemplo. Será que a ingestão contínua, mesmo que em pouca quantidade não seria prejudicial?
Olá Marcia, obrigado por seu comentário. Não encontramos relatos de intoxicação pelo uso de um produto para os lábios.
Muito interessante o texto mas fiquei com uma dúvida, estou iniciando low poo e vi melhoras na oleosidade do cabelo pois tambem deixei de utilizar petrolatos e silicones, mas meu cabelo esta com muitas pontas duplas e também mais seco mesmo utilizando óleos minerais e outras alternativas. É possível utilizar shampoos com pouco sulfato ao mesmo tempo de condicionadores e máscaras com petrolatos? Esses shampoos conseguem retirar o necessário sem pesar o cabelo?
Olá Ana, obrigado por seu comentário. É difícil encontrar uma resposta generalizada porque cada cabelo tem suas particularidades. Então, o mais adequado seria testar as diferentes estratégias até achar a que se adapta melhor ou a que traz os resultados que melhor te satisfazem. Os xampus sem sulfato são de fato menos eficientes que os xampus com sulfatos, se comparados na mesma concentração. Portanto, em alguns produtos disponíveis no mercado usam concentrações mais altas de agentes não-sulfatados pra atingir os mesmos resultados. Com o tempo, você mesma vai perceber se esses xampus estão lavando o seu cabelo de uma maneira que você considera eficiente ou não. Se no fim você achar que os sem sulfatos não trazem os resultados esperados, você pode intercalar com um xampu sulfatado, por ex.: 3-6 lavagens com xampu sem sulfato e 1 lavagem com xampu com sulfato ou xampu anti-resíduos. Não tem fórmula mágica! Você tem que experimentar! Lembre-se que é muito importante usar o condicionador e aplicações ocasionais de óleos capilares, como as formulações com óleo de coco (se você prefere evitar petrolatos!), que se mostraram eficientes para aumentar a resistência do cabelo (o que pode ajudar com as pontas duplas!). Saiba mais neste texto aqui: https://cosmeticaemfoco.com.br/2016/07/build-up-nos-fios-de-cabelo.html
Olá. Amei a matéria de vocês, veio bem a calhar com o meu momento de dúvida. Eu estava tentando a técnica Low poo e notei mais ressecamento e frizz no meu cabelo, mas persisti pois imaginei precisar de mais tempo( usei diversos produtos, inclusiva os da deva curl, durante um ano). Minha confusão iniciou quando notei melhora no cabelo e descobri que havia, sem querer, comprado um produto com parafina liquida na composição, então passei a me questionar se para mim a técnica Low poo é eficaz. Lembrei de quando não seguia nenhuma dessas técnicas e tinha um cabelo muito lindo e saudável. Bem como foi dito aqui, vale a experimentação. E gostaria de deixar meu relato a respeito de um comentário que uma menina deixou , dizendo que se não dá para comer não faz bem: trabalho em hospital e aqui usamos óleo mineral como laxativo nos pacientes e ele pode ser ingerido, talvez não seja digerido, mas não causa nenhum dano á saúde.
Obrigado Karen pelo seu comentário. De fato, o ideal é experimentar e conhecer o próprio corpo para saber reconhecer os tratamentos que funcionam e não funcionam para você.
Muito obrigado por sua participação Karen!
existem estudos que comprovem que os “petrolatos” podem sair do cabelo lavando com shampoo low poo ou no poo? tenho mt curiosidade com essa questão
Olá Camila, um shampoo indicado para low poo geralmente tem menor poder detergente, então ele “lava menos” que um shampoo tradicional. De fato ainda faltam esses estudos, mas estamos acompanhando o assunto de no poo e low poo desde o início e qualquer novidade publicaremos aqui no Cosmética em Foco. Se você souber de novos dados antes, não hesite em nos contatar. Obrigado.
Olá Camila!
Algumas das referências no texto sobre Build Up lidam com a sua questão ( clique aqui para ler um texto sobre build up). Basicamente, esse tipo de agente de limpeza é mais fraco, mas tudo depende da concentração que for utilizada na fórmula. É possível fazer um shampoo low poo tão eficaz quanto um xampu de sulfato, mas seria necessária uma quantidade maior de agentes de limpeza na composição. O problema é que o fabricante não diz a concentração, então você teria que testar pra descobrir!
Oi Ivan. Sou estudante de Estética e Cosmetologia e gostei muito desta matéria, estava justamente pesquisando o que de fato são os tão difamados petrolatos e suas ações na pele (não especificamente no cabelo, mas vem a calhar). Concordo com tudo o que disse e faz sentido, mas com relação à diferença entre óleos vegetais x minerais, acho que a principal tem a ver com a afinidade dos óleos vegetais e a bicamada lipídica das nossas células. É notável que um óleo vegetal, quando aplicado e massageado sobre a pele, é rapidamente absorvido – enquanto o mineral faz somente o que foi citado aqui, forma uma película que impede a água já existente no organismo de sair (o que não é promover hidratação, e sim umectação, que são coisas diferentes). No caso, um óleo vegetal que tenha boas propriedades para a pele é absorvido e por isso tem capacidade de agir nas células (já no cabelo isso não faz diferença, assim como foi explicado, pois o fio é célula morta). Eu pesquisei muito e ainda não encontrei o PORQUÊ dessa diferença, se ambos são óleos (então a afinidade com lipídios, teoricamente, não deveria diferir); mas na prática isso é real, e é isso que é ensinado na faculdade, então ainda sigo na busca de entender quimicamente essa diferença (adoraria se pudessem me ajudar nisso).
Olá Lena,
Obrigado por sua participação! Em concordo parcialmente com a sua colocação. De fato, óleos vegetais são mais rapidamente absorvidos pelas camadas superficiais da epiderme pois têm maior afinidade com a pele, se comparados aos hidrocarbonetos dos óleos minerais. Os hidrocarbonetos tem apenas átomos de carbono e hidrogênio, ao passo que os óleos vegetais contém também oxigênio, ou seja, na escala de polaridade, têm uma polaridade intermediária, o que os torna mais compatíveis com a pele, que também tem uma polaridade intermediária. Os óleos vegetais conseguem, por exemplo, formar pontes de hidrogênio com a água presente na pele, o que os hidrocarbonetos minerais não conseguem. Isso explica em parte a maior afinidade. De qualquer forma, os óleos vegetais ainda possuem sim um efeito oclusivo… embora não se limitem à camada mais superficial da pele (como os petrolatos), eles não penetram totalmente e vão contribuir para dificultar a evaporação da água. Ao passo que a vaselina tem sensorial pegajoso, pois é repelida pela pele e fica na superfície, o óleo de abacate, por exemplo, tem sensorial leve pois rapidamente promove a emoliência dos queratinócitos mais externos, os quais já não têm mais vida, mas têm bastante afinidade com esses lipídios de polaridade intermediária. Então, embora não seja percebida, uma barreira também é formada quando se usa óleos vegetais. Quanto a agir em células vivas, eu não tenho visto muitas publicações sobre isso, mas é fato que os óleos vegetais carregam compostos fitoquímicos das plantas das quais são extraídos e tais compostos podem ter alguma atividade. Azeite de oliva, por exemplo, é rico em oleuropeína, um poderoso antioxidante. Portanto, dependendo da concentração de fitoquímicos não-lipídicos nos óleos vegetais, a afinidade com a pele pode ser ainda maior! Está nos meus planos escrever sobre o uso de petrolatos em produtos para a pele. Fique de olho no site! Bons estudos!