Os mercados cosméticos emergentes

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Essa semana tivemos três postagens sobre mercado. Hoje falaremos um pouco sobre os principais mercados mundiais que ainda estão em crescimento. Sem pânico! Porque o Leandro já nos mostrou alguns números do cenário brasileiro. E vamos ao que interessa:

A expansão dos negócios nos mercados emergentes tem se tornado cada vez mais prioridade nas agendas das multinacionais da beleza e dos cuidados pessoais. Ainda que os mercados maduros da Europa, Estados Unidos e Japão estejam se esforçando para manter o crescimento mesmo em tempos de incertezas na economia, país como os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), Venezuela, Argentina, Turquia, Bulgária e Ucrânia são os principais focos de esforços das grandes companhias.

Segundo dados da base de dados Market Data Analytics (MDA) do Datamonitor, todos os 10 mercados em amplo crescimento no mercado de higiene pessoal em termos de valor são países em desenvolvimento. A expansão das classes médias, o aumento de dinheiro disponível, os pensamentos mais aspiracionais e o crescimento dos canais de varejo, são alguns dos fatores-chave para o crescimento.

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De acordo com Euromonitor, a contribuição estimada dos BRICs para o mercado de beleza e higiene pessoal de 2011 a 2016 será de US$ 35 bilhões, crescendo impressionantes 56% de crescimento em valor global. O Brasil, maior dos quatro, com US$ 16 bilhões, seguido pela China com US$ 13 bilhões, Índia com US$ 4 bilhões e Rússia com US$ 1,6 bilhão. Em 2016, espera-se que a América Latina ultrapasse a Europa Ocidental, tornando-se um mercado líder.

Brasil

O Brasil é o maior dos quatro BRICs e deve contabilizar 46,1% do valor total de vendas em 2016, segundo previsões do Euromonitor. Sua economia desacelerou devido ao aumento do endividamento dos consumidores, elevação dos preços dos alimentos e um aumento global no custo de vida nas áreas urbanas. Entretanto, isso não impactou na sede de consumo dos brasileiros.

O país é líder mundial no mercado de perfumaria. Isso porque homens, mulheres e até mesmo crianças desejam a sensação refrescante desses produtos. O Brasil também é líder mundial em cosméticos e massa, beneficiando-se de seu amplo mercado teen, que contabilizou 10% em 2010, o que tornou os adolescentes um segmento significativo para as empresas.

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O mercado Hair Care brasileiro é atualmente o segundo maior do mundo e espera-se que ultrapasse os Estados Unidos em 2013. No Brasil, homens e mulheres investem tempo e dinheiro em seus cuidados pessoais. Devido ao clima quente e úmido, muitos brasileiros lavam seus cabelos diariamente ou até duas vezes ao dia, e usam produtos de styling desenvolvidos especificamente para o este mercado.

Uma redução no crescimento econômico chinês ainda não é razão para preocupações, dado o potencial de desempenho já observado para a região. O aumento de dinheiro disponível levou ao aumento nos gastos com produtos de beleza e higiene pessoal, especialmente skin care, maquiagem e perfumes.  Muitos consumidores estão trocando suas marcas de massa por produtos de luxo.

Os cuidados masculinos consigo estão crescendo, devido ao contínuo crescimento econômico da China. Os consumidores chineses jovens do sexo masculino são alvo das empresas, mas os produtos anti-aging também ganham popularidade com a população mais velha preocupada em manter a pele jovem. Os produtos clareadores cutâneos também estão entre os desejos de homens e mulheres chineses por uma pele mais uniforme. E assim, empresas como P&G e L’Oréal oferecem linhas de produtos clareadores e anti-anging, frequentemente com ambos apelos em um único produto.

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Índia

A população da índia é majoritariamente rural, o que torna difícil para as companhias alcançar seus consumidores. Entretanto, a Índia está se tornando um mercado importante entre todas as categorias de beleza e cuidados pessoais, segundo o Euromonitor. O mercado de cuidados masculinos teve o maior crescimento na taxa de 24% em 2011 e a previsão é somar mais US$ 464,67 milhões à categoria até 2016. Os indianos aceitam bem produtos e ingredientes naturais, produtos anti-frizz e óleos capilares, talco em pó para absorver a oleosidade da pele e clareadores para a pele.

Rússia

Dos quatro BRICs, a Rússia é o pais que tem sido o menos bem sucedido ultimamente, devido à recessão econômica. Entretanto, seu PIB alcançou em 2011 níveis como os obtidos antes da recessão. Os russos desejam produtos de alto valor agregado, os quais têm impulsionado o crescimento de marcas premium. Os consumidores mais velhos também desenvolveram um desejo por produtos e ingredientes naturais, em contraste com os mais jovens que são levados pelas inovações.

Venezuela e Argentina

O Market Data Analytics do Datamonitor identificou a Venezuela e a Argentina como os dois mercados cosméticos de crescimento mais rápido mundialmente, apresentando aumentos de 10,8% e 9,6%, respectivamente até 2015. Assim como o Brasil, esses países possuem uma classe média em expansão e a preocupação cultural dos sulamericanos com sua aparência física. A economia relativamente estável da região provavelmente é combustível para o gasto per capita.

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Ucrânia, Turquia e Bulgária

Esses países do leste europeu também oferecem um potencial ainda não explorado para produtos de beleza, apresentando-se como boas oportunidades estratégias para os líderes globais. As previsões do Datamonitor apontam para taxas de crescimento média de 7,3% para cada região e a Turquia, apesar da instabilidade política e dos altos níveis da dívida externa, o aumento no poder aquisitivo e o crescimento econômico tornam o país um alvo atraente.

Opinião do autor: É a roda da fortuna girando. Os países que antes eram considerados como terceiro mundo, hoje são as economias que mantém o primeiro mundo de pé, mesmo que equilibrando-se “à la Saci Pererê”. Mudam-se os termos de terceiro mundo para país em desenvolvimento. Cobram-se atitudes dos governos locais para manter o crescimento e assim a economia mundial pode girar. Mas a que custo? Sou plenamente a favor do crescimento e temos que tirar o maior proveito do “Momento Brasil” em que vivemos. É a hora da indústria brasileira mostrar ao mundo toda sua capacidade (atenção! Eles já conhecem nosso potencial. Temos que mostrar que somos mais que potencial…) e poder de inovação. O Brasil já é um mercado desafiador e competitivo. O que me preocupa é que o crescimento e o enriquecimento da população se deu através de políticas que já se mostraram frágeis em outros países que hoje sofrem com um problema maior do que o que tinham. Qual será a melhor alternativa para o Brasil decolar de vez: aumentar a oferta de crédito ou reduzir a taxa de juros?

Fonte: Emerging Markets: The Engines of Growth (site em inglês). Acesso em 29/07/2012.

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Por Gustavo Boaventura

Criador e Diretor de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Cosméticos. Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco no consumo de cosméticos masculinos. Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Experiência em Pesquisa & Desenvolvimento de produtos capilares. É o idealizador e criador do Cosmética em Foco e escreve desde 2007.

3 comentários

  1. Primeiramente, parabéns pelo otimo blog! (é a primeira vez que comento aqui e ainda nao tive oportunidade de parabenizá-los) uma equipe de pessoas bem formadas a fim de discutir os mais variados assuntos pertinentes ao universo da cosmetologia farmacêutica.

    Agora sobre o texto, é bem isso mesmo! os "emergentes" sustentando o velho mundo!
    tambem concordo que é inegável que temos potencial mesmo que ainda com uma certa discreta qualidade. Digo isso pois em termos de qualidade e funcionalidade dos produtos, ainda nao se dá para equiparar aos cosméticos franceses e até mesmo os orientais. (os filtros orientais são verdadeiros absurdos – quase inimagináveis!)

    A meu ver a melhor (ou menos danosa) alternativa seria reduzir as taxas de juros. Afinal adquirir um produto importado nos dias atuais ainda é oneroso (na maioria das vezes), e tambem dificil pois, para se importar devido a "maré vermelha" da receita federal torna uma espera quase imortal.

    Reduzindo as taxas de juros seria possivel ter de forma mais facilitada produtos cosmeticos de melhor qualidade e distintos (afinal quem nunca nem mesmo uma vez ficou louco pra experimentar um dermocosmético japones ou mesmo coreano? BBcreams, filtros, limpadores, clareadores ….) com esses produtos "circulando" mais facilmente no mercado nacional, a industria local deveria correr atras para nao perder mercado , chegando dessa forma a possíveis niveis de equiparação.

    Não é o dinheiro que move o mundo. É a concorrência !

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