Os produtos para alisamento capilar

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Prosseguindo com o assunto polêmico e preocupante, e ainda na linha dos posts de utilidade pública, apresentarei hoje os mecanismos aprovados para alisamento capilar. Na maioria das vezes, quem consome este tipo de produto, deseja que seu cabelo fique, no mínimo, mais controlado e maleável que a sua forma original. Dificilmente um método de alisamento deixará os cabelos com aspecto liso natural e para sempre. Dependendo da forma do cabelo original, ele poderá ficar mais liso. Os cabelos crespos, por exemplo, não ficarão completamente lisos a não ser que a consumidora faça depois uma escova e/ou prancha.

Além disso tem que tratar dos cabelos após a transformação química. Hidratá-los frequentemente e mantê-lo escovado. O principal agravante é que a maioria das brasileiras tem cisma de ter os cabelos lisos e coloridos. Também é importante tem em mente a importância do pH dos cabelos. Mas o assunto hoje é alisamento…

Há alguns agentes muito conhecidos e seguros para serem usados em produtos alisantes.
Foto: Freepik.com

 

Tradicionalmente, existem três métodos para o alisamento dos cabelos os quais abordaremos em seguida:

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Alisamento capilar temporário a quente

Neste método, estira-se o cabelo com uma prancha metálica quente (algumas pessoas ainda usam o pente metálico quente), utilizando-se um produto que dê maior lubricidade aos fios e que proporcione mais facilidade o deslizamento da prancha, geralmente a base de óleo mineral e/ou silicones.

Não podemos considerá-lo um processo de transformação capilar porque ele não modifica quimicamente a fibra. Por ação da umidade, chuva, suor ou lavagem, os cabelos voltam à sua forma original. São as escovas comuns com secador e o alisamento temporário com o uso de prancha, chapinha ou piastra.

Produtos cáusticos

Aqui estão o hidróxidos de sódio (Sodium Hydroxide), hidróxido de lítio (Lithium Hydroxide) e Hidróxido de Cálcio (Calcium Hydroxide), sendo que o último é associado ao Carbonato de Guanidina (Guanidine Carbonate) no momento do uso. São produtos na forma de creme que podem causar lesões no couro cabeludo e nos olhos se não forem aplicados corretamente. Por isso sempre deve ser respeitada a distância de 1 centímetro da raiz ao se aplicar esse tipo de produto.

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O que diferencia um do outro é a “força”: o hidróxido de sódio é o mais forte, o hidróxido de lítio é o intermediário e o hidróxido de guanidina é o de ação mais suave. No entanto o hidróxido de sódio pode ter o mesmo resultado de relaxamento que o hidróxido de guanidina se o tempo de contato for sensivelmente reduzido. As guanidinas, por serem derivados amínicos, oferecem menor potencial alisante, portanto é comum ouvir dizer que os produtos a base de guanidina são apenas “amaciadores” das raízes ou relaxantes capilares.

O produto é aplicado sobre os fios, permanece por certo tempo e é enxaguado abundantemente para não deixar resíduo. Para facilitar o processo, os profissionais dividem os cabelos em grandes mechas e fazem a aplicação mecha a mecha, sempre enxaguando após a aplicação.

Para a própria segurança, o indicado é que a consumidora dê preferência à aplicação com um profissional competente ou, no mínimo, com a ajuda de alguém, mas jamais fazer isso sozinha.

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O alisamento dos cabelos acontece por meio de reações químicas.
Foto: Freepik.com

Agentes químicos redutores

Os produtos para alisamento dos cabelos desta classe contém um agente químico redutor da queratina como relaxante que efetua o amaciamento e alisamento das fibras. Dos ativos utilizados, o ácido tioglicólico frequentemente encontra-se presente, associado a diferentes agentes alcalinizantes como o a amônia e a monoetanolamina.

No alisamento a nova forma das fibras capilares é dada pelo pentear do produto sobre os fios durante a aplicação. A maioria dos relaxantes utiliza o tioglicolato de amônio (Ammonium Thioglycolate) ou tioglicolato de monoetanolamina (Ethanolamine Thioglycolate), mas já existe no mercado outras apresentações, pois a essência desse método está na presença do sal derivado do ácido tioglicólico (Thioglycolic Acid).

Quando os cabelos estão suficientemente alisados enxagua-se o creme e aplica-se o neutralizante para dar forma ao penteado, deve-se assegurar a neutralização completa para evitar lesões posteriores às fibras capilares.

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É importantíssimo deixar claro que os cabelos que foram modificados pelo uso de alisantes cáusticos não devem jamais ser submetidos a um alisamento com tioglicolato ou colorações a base de amônia.

Opinião do autor: Propositalmente eu não quis deixar o assunto muito claro como de costume porque sei da tendência masoquista das consumidoras. Como já foi dito, quem quiser alisar os cabelos, procure um profissional idôneo que não vá enganá-la com produtos a base de formol em que eles juram que não contém formol ou que o contém na quantidade permitida pela Anvisa. Se não der para fazer com profissionais por questões de tempo ou financeiras, compre kits para alisamento capilar, pois eles são a garantia de sucesso do processo. Além disso, dê preferência por usar o creme alisante e o neutralizante sempre da mesma empresa. E nunca, em hipótese alguma, deixe de usar o neutralizante após o alisamento capilar!

Aos profissionais do desenvolvimento, convém ressaltar que os produtos para alisamento são considerados grau de risco 2 pela Anvisa e, portanto, sujeitos a comprovação de eficácia e segurança. Nesses testes é comum se utilizar como referência, produtos neutros que não causem impacto no resultado do alisamento. É comum no protocolo de um teste de eficácia ou segurança, o uso do shampoo neutro e condicionador neutro.

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Por Gustavo Boaventura

Criador e Diretor de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Cosméticos. Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco no consumo de cosméticos masculinos. Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Experiência em Pesquisa & Desenvolvimento de produtos capilares. É o idealizador e criador do Cosmética em Foco e escreve desde 2007.

13 comentários

  1. olá,sou estudante de farmácia e tenho intuito de fazer meu tcc na area de produtos para alisamento capilar.Gostaria se possivel de informações sobre essa área.

    Obrigada, Rafaela.

  2. Raissa,
    a resposta é simples: os hidróxidos são incompatíveis com todas as outras químicas. rsrs A única ressalva são colorações sem amônia, mas essas "não servem" porque não clareiam os fios. Elas são apenas tom sobre tom.
    Espero ter ajudado.
    Att,
    Gustavo.

  3. Olá amo os posts d vcs,sou usuária do hene e não encontrei nada a respeito no site,vcs tem alguma opinião sobre ele?

    1. Obrigado Clezia! O Henê é algo bem peculiar do Brasil. A classificação oficial dele é como tintura de cabelo, não alisante. Mas vamos reunir mais informações sobre o tema para publicar algo mais detalhado, ok?

  4. Olá Gustavo! Gostei muito do tema postado sobre alisante. Vou aguardar os próximos, para ficar a par dos produtos autorizados pela Anvisa. Parabéns, e como sempre, você escreve com muita clareza para seus leitores. Abraços,
    Maria Amélia Alves Pereira

    1. Obrigado Maria Amélia! É importante conhecer e sempre perguntar que produto estão aplicando em seu cabelo. Abraços.

  5. Aparecida Chaves/25/01/2017

    Boa noite Gustavo Boavestura !

    Sou cabeleireira e achei suas orientações sobre Fhenoxyethanol muito esclarecedoras.
    Sempre tive receio em acreditar nas informações das empresas de química da cosmética de produtos para cabelos.
    Gostaria de saber, se posso contar com seus conhecimentos, para esclarecer dúvidas sobre qualquer tipo de produtos para cabelos, pois, é mais confiável ter informações com quem entende dos princípios ativos, sem interesse de vender.

    Desde já agradeço !

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