Há meses atrás apresentei aqui no Cosmética em Foco uma notícia sobre as alternativas aos testes em animais. É com muito orgulho que dessa vez apresento a pele artificial da equipe da Profa. Silvia Stuchi Maria-Engler, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).
Eles desenvolveram um modelo de pele artificial que mimetiza a estrutura da pele, com derme e epiderme. Reconstituída a partir de queratinócitos, melanócitos e fibroblastos cultivados em gel de colágeno, esta estrutura possui características de crescimento e morfologia muito similares à pele humana, aumentando a reprodutibilidade de testes com cosméticos e medicamentos.
O produto atende a uma necessidade do mercado, pois os produtos exportados para a União Europeia não podem mais ser testados em animais. Podendo, em breve, ser testados in vitro aqui mesmo no Brasil, pois os testes garantem a segurança e eficácia de produtos e princípios ativos. Como pouco a pouco os brasileiros também reconhecem a importância de se reduzir os testes em animais. Essa pesquisa torna-se duplamente importante social e economicamente.
Na Europa e nos Estados Unidos, existem modelos de pele artificial à venda, mas há a dificuldade em importar por ser material vivo e, portanto, perecível. O modelo desenvolvido na USP é idêntico aos produzidos no exterior e também com a possibilidade de produção de kits sob encomenda.
Ainda não há disponibilidade para uso em escala industrial e novas pesquisas acontecem para se conseguir recriar a pele artificial a partir de células obtidas aqui mesmo no Brasil.
Nada ainda definido, mas uma grande perspectiva e uma ótima notícia para o que insistem que no Brasil não se faz pesquisa aplicada. Enquanto isso nós aguardamos com muito otimismo.
Fonte: ERENO, D. Pele recriada. Rev. Pesquisa Fapesp, ed. 166, Dezembro, 2009