Propagandas sobre amor vendem mais cosméticos?

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Em maio de 2011, na semana em que o Brasil comemorava sua liderança nacional no mercado de perfumes. A Ralph Lauren renovava sua campanha com um novo vídeo para a fragrância Romance. Desde seu lançamento, em 1998 (a versão masculina foi lançada em 1999), os comerciais do perfume trazem casais em cenas de muito amor, cumplicidade e carinho. Neste novo capítulo de Romance, o jogador de polo argentino, já garoto-propaganda da Ralph Lauren, Ignacio “Nacho” Figueiras apareceu com sua esposa Delfina Blaquier e seus três filhos.

Perfume Romance de Ralph Lauren.
Foto: Divulgação.

Mas será que o amor vende mais?

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirma que a na sociedade do consumo (a sociedade atual) as pessoas estão mais envolvidas na ação de consumir e menos preocupadas com a coletividade. Segundo ele, em seu livro Modernidade Líquida (2001), a necessidade de comunicação e envolvimento deu lugar à necessidade de se manter distância; de estar seguro no individualismo e na superficialidade. Para ele, os laços e as parcerias tendem a ser tratados como mercadorias a serem consumidas e não produzidas. O psiquiatra brasileiro Joel Birman, em Mal-estar na atualidade (2003), defende que as pessoas não compartilham projetos sociais e estão centradas em si mesmas, fazendo prevalecer a individualidade.

No entanto, o sociólogo francês Michel Maffesoli defende o oposto. Em O Tempo das Tribos (2006), ele nos diz que na pós-modernidade o individualismo é substituído pela necessidade de identificação com um grupo. É por meio da sociedade e das aglomerações de indivíduos que nos posicionamos socialmente. Ou seja, dependemos uns dos outros para habitar este mundo.

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Freud, em O mal estar na civilização (1929), diz que ainda crianças percebemos que precisamos do outro para sobreviver e que teremos que fazer concessões para conseguir aquilo que desejamos. Para ele, o sujeito convive com a frustração e o sofrimento desde o início de sua existência. E apesar de todas as limitações que nos são impostas, ainda desejamos a felicidade e a ausência de sofrimento e desprazer. Felicidade que provém da satisfação de nossas necessidades.

É nisso que nós investimos e é nessa verdade que empresas como a Ralph Lauren apostam suas campanhas: no amor. O sentimento mais belo e puro que conhecemos. É o amor que nos move, é por ele que brigamos e lutamos. Por amor trabalhamos, em busca do amor nos apaixonamos e nos casamos e é ele que mantém famílias unidas. Aparentemente ele ajuda a vender sim, pois a última campanha do perfume Romance traz Taylor Hill em cenas reais de romance com seu ex-namorado (aparentemente eles se separaram em 2020) com a #believeinromance.

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Eu acredito que o relacionamento é um projeto social e que viver em família é por compartilhar e querer estar junto. Tem que se dedicar ao relacionamento mais do que nos dedicamos atualmente às redes sociais e fofocas de artistas… Então, que esteja certo o saudoso Fernando Pessoa, pois “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Você acha que amor ajuda a vender mais cosméticos? Escreva sua opinião nos comentários.

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Por Gustavo Boaventura

Criador e Diretor de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Cosméticos. Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco no consumo de cosméticos masculinos. Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Experiência em Pesquisa & Desenvolvimento de produtos capilares. É o idealizador e criador do Cosmética em Foco e escreve desde 2007.