Com três dias de atividades, de 10-12/09 no Novotel Jaraguá em São Paulo, a edição 2014 deste evento organizado pela consultoria britânica Organic Monitor reuniu mais de 70 entidades do setor cosmético, entre fabricantes, fornecedores, associações, mídia e consultorias, com o propósito de debater soluções sustentáveis no segmento cosmético.
A SCS 2014 teve como foco os ingredientes naturais e as métricas de sustentabilidade. Quanto ao primeiro foco, o evento abordou sobre os desafios de se obter ingredientes cosméticos de forma sustentável, ressaltando os casos de sucesso e as barreiras, bem como a relevância da biodiversidade brasileira. Já no segundo foco, o evento trouxe alguns exemplos de iniciativas adotadas por grandes empresas (como Natura, O Boticário, Johnson & Johnson, L’Oréal, Carrefour etc.), as quais servem de modelo para os empreendedores interessados em reduzir o impacto ambiental de seus negócios. Além disso, o evento possibilitou intensa troca de experiências e networking entre os participantes.
O Cosmética em Foco gostaria de ressaltar os seguintes pontos como resumo dos principais debates:
a) As métricas de sustentabilidade são um começo para um fim. Elas podem ser usadas para medir e reduzir o impacto ambiental de produtos e processos, além de orientar os gestores e as empresas na tomada de decisões. Cada empresa pode desenvolver seu próprio método de medir a sustentabilidade, mas há vários casos de benchmarking e também trabalhos acadêmicos sobre o assunto.
b) O Instituto Akatu fez a seguinte ressalva: “Nós consumimos por ano 50% mais do que o planeta é capaz de consumir”. Esta constatação revela o quanto adotar práticas sustentáveis é relevante para a sobrevivência de todo o ecossistema. Tal medida é de responsabilidade da grande, da média e da micro ou pequena empresa, bem como do consumidor.
c) Entre as práticas sustentáveis empregadas pelas empresas que expuseram seus métodos durante o evento pode-se citar:
i) assistência em saúde e planejamento financeiro para os funcionários;
ii) parcerias com cooperativas de coleta e reciclagem;
iii) substituição de plástico petroquímico por bioplástico e/ou plástico reciclado;
iv) contratos de comércio justo e repartição de benefícios com comunidades de regiões de rica biodiversidade;
iv) obtenção de ingredientes sintéticos por meio da química verde e da biotecnologia;
v) prática da agricultura orgânica;
vi) redução do gasto energético e do consumo de materiais nos pontos de venda;
vii) controle da pegada de carbono e da pegada hídrica geradas pelas atividades da empresa;
viii) rastreamento e fiscalização dos processos realizados nos fornecedores, a fim de garantir a sustentabilidade ambiental e social em toda a cadeia; etc.
d) Algumas pesquisas de mercado indicam que os consumidores têm se tornado mais conscientes em relação à importância do consumo sustentável, e que esta característica vem assumindo cada vez mais um papel determinante na escolha de um produto, embora ainda não seja o critério mais relevante. Ao mesmo tempo, uma pesquisa do Instituto Akatu revelou que, entre 2010 e 2012, aumentou de 44% para 49% a proporção dos brasileiros que não acreditam nas práticas de sustentabilidade divulgadas pelos fabricantes.
e) O mercado de produtos pseudo-naturais foi apontado como uma ameaça aos cosméticos sustentáveis. Empresas de diferentes tamanhos e nacionalidades exploram o conceito natural em produtos que ferem os princípios da sustentabilidade e acabam por enganar o consumidor final. Com o tempo, é de se esperar que as empresas especializadas em cosméticos naturais, orgânicos e veganos reajam a tais posicionamentos.
Nós esperamos que este resumo inspire à comunidade do CFoco a optar por ações mais sustentáveis no dia-a-dia e no trabalho. Atitudes simples como substituir o copo descartável por um copo reutilizável ou garrafa térmica são um grande passo.
A edição de 2015 do Sustainable Cosmetics Summit já foi anunciada. Preparem-se para participar conosco do próximo encontro!