Testes da revista Pro-Teste

publicado

O meu criticismo com testes e pesquisas científicas e de mercado aumenta a cada dia que passa. São resultados alarmantes de reações “gravíssimas” observadas em um universo de 10 pessoas, extrapolações de pesquisas de mercado realizadas com um grupo pequeno e isolado de indivíduos e são exatamente esses os que são divulgados aos sete ventos, para não dizer que se joga certo substantivo no ventilador…

Sempre aconselho clientes, alunos e amigos a serem muito críticos ao analisarem resultados de pesquisas. Um universo de 100 pesquisados no Rio de Janeiro, por exemplo, não é suficiente para dizer (1) o resultado reflete a realidade do país – com mais de 190 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE; (2) o produto XYZ testado serve ou não serve, atende ou não atende a requisitos. Salvo se a análise for referente ao lote de produção, por exemplo quando o INMETRO realiza inspeções rotineiras para avaliar se as empresas cumprem os volumes (e/ou pesos) impressos em seus rótulos. (Imagino que os usuários de cosméticos e consumidores de alimentos mal sabem dessa prática. Eu mesmo já acompanhei alguns desses testes.)

Recentemente a Revista Pro-Teste publicou o resultado polêmico de uma análise de fotoprotetores, na qual oito das dez marcas avaliadas foram consideradas reprovadas. Como a figura ficou de difícil legibilidade, segue o meu comentário: nenhuma das marcas foi reprovada quanto a proteção UVB, o nosso velho conhecido FPS, portanto, continuem acreditando em suas marcas! Elas cumprem o que prometem! A proteção UVB, no Brasil, ainda não é exigida pela Anvisa, mas é de preocupação de muitos fabricantes, o grande porém é que o brasileiro não quer pagar caro por seus produtos e os filtros químicos UVA têm custo elevado, pois os de custo mais baixo estão em cheque na Europa por potencial carcinogênico (potencial para ocasionar câncer).

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A grande questão é que a Pro-Teste costuma lançar a polêmica, não conclui o debate e nem dá muito direito de resposta às empresas. Como uma entidade de defesa do consumidor, ela deveria atuar como parceira. Além disso, o fato de defender o consumidor não diz que se tem que ver os fabricantes como vilões, pois erros acontecem nas melhores instituições do mundo simplesmente por trabalharem com seres humanos. Quem nunca deixou o arroz queimar que atire a primeira colher de pau!

Vale lembrar também, que uma coisa é a estabilidade do produto no sol e outra é a eficácia UV do produto. Os técnicos estão cansados de saber que emulsões não costumam combinar com radiação UV, principalmente emulsões complicadas como a de fotoprotetores. No entanto, o que 100% dos usuários faz é levar o seu fotoprotetor para a praia ou a piscina e o deixam exposto ao sol. Tenho feito um trabalho já há um ano orientando usuárias de cosméticos a utilizar seus produtos da melhor forma para obterem o máximo de resultado e tem funcionado muito bem! (Caso alguém se interesse, tenho esse curso preparado e disponibilidade para viajar o Brasil inteiro mediante agendamento.)

Concordo plenamente com o texto de Cristiane M Santos na revista Cosmetics & Toiletries de Novembro/Dezembro de 2009, disponível no site da revista. Já tem mais um post sobre fotoprotetores preparado e pronto para ser publicado e um terceiro em confecção. Aguardem!

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Por Gustavo Boaventura

Criador e Diretor de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Cosméticos. Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco no consumo de cosméticos masculinos. Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Experiência em Pesquisa & Desenvolvimento de produtos capilares. É o idealizador e criador do Cosmética em Foco e escreve desde 2007.

2 comentários

  1. Amei este post! Estava com a cabeça em parafuso pq eu li a reportágem dessa pesquisa. Eu uso Sundown de 50 e penso que ele protege bem… Estou anciosa pelos próximos posts!

    🙂

  2. Segue comunicado da Abihpec que complementa o assunto:
    Segurança e eficácia de protetores solares

    A indústria de cosméticos se orgulha em participar da luta em prol da saúde e bem-estar das pessoas ao fabricar, distribuir e também divulgar a importância do uso dos protetores solares no dia a dia dos brasileiros.

    A regulamentação dos protetores solares conta com extremo rigor científico e os produtos são avaliados sob criteriosos padrões internacionais de qualidade. Também utilizam ingredientes seguros validados e aprovados pela ANVISA, bem como pelas agências reguladoras de outros países, como FDA (USA Foods and Drugs administration) e COLIPA (The European Cosmetics Association).

    Para que um protetor solar seja registrado e comercializado no país a ANVISA estabelece metodologias de referência para determinar o nível de proteção solar e resistência à água, bem como estabelece a lista de ingredientes que podem ser utilizados nos produtos. Além disso, estabelece ainda como requisitos técnicos obrigatórios os dados de segurança e a comprovação de eficácia.

    Por tudo isso, reforçamos que os protetores solares são seguros, sendo seus estudos de eficácia avaliados e aprovados pelo único orgão regulamentador autorizado a fazê-lo, a ANVISA. Reforçamos assim o nosso comprometimento com o processo de educação dos brasileiros no que se refere à necessidade de proteção solar.

    Com esse comunicado, a ABIHPEC e seus associados reiterama importância do uso de protetor solar bem como tranquilizam seus consumidores sobre a segurança e eficácia dos produtos.

    Para maiores informações consulte também a posição da ANVISA (www.anvisa.gov.br) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia ( http://www.sbd.org.br) sobre a seguranca de protetores solares.

    João Carlos Basilio
    Presidente da ABIHPEC

    Está disponível em: http://www.abihpec.org.br/seguranca_eficacia.php

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