Estudos recentes associam a vitamina K à proteção da elasticidade da pele e do aparecimento de rugas. Da mesma forma, associam o aumento no consumo de vitamina C e ácido linoléico a uma melhor aparência da pele no envelhecimento cutâneo. Estes estudos fornecem informações para a tendência mundial de nutricosméticos, ou alimentos da beleza.
A vitamina K
Publicado no último volume da revista científica Laboratory Investigation, o estudo de Gheduzi e colaboradores liga a vitamina K à elasticidade cutânea em pacientes que sofrem de pseudoxanthoma elasticum (PXE), uma condição hereditária cuja consequência é o enrugamento severo da pele do rosto e do corpo. Eles não conseguiram descobrir como ocorre essa relação entre a vitamina K e as qualidades elásticas da pele.
No entanto, a perda da elasticidade cutânea ocorre devido à calcificação das fibras elásticas. O aumento das concentrações de cálcio e fosfato no meio extracelular favorece a calcificação, se esta não for inibida por famílias de proteínas ativadas por uma enzima dependente de vitamina K.
O grupo de pesquisadores demonstrou que indivíduos incapazes de metabolizar a vitamina K também apresentavam sintomas de PXE, mas sugere que se façam mais pesquisas que evidenciem o papel da vitamina no enrugamento da pele nesses indivíduos.
Trata-se, portanto, de um estudo sem grande relevância científica, pois é apenas um indício de que a vitamina K possa estar relacionada ao aparecimento de rugas em indivíduos sadios. Da mesma forma, o efeito dos suplementos de vitamina K em peles saudáveis ainda não é conhecido.
A vitamina K se apresenta em duas formas principais: filoquinona, a vitamina K1, também conhecida como fitonadiona, que é encontrada em vegetais folhosos, tais como alface, brócolis e espinafre; e as menaquinonas, vitamina K2, que podem ser ingeridas na dieta ou sintetizadas pela microflora intestinal.
Atualização (06/09/2010): Em janeiro de 2010, foi publicado o Parecer Técnico nº 1, da Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa, proibindo o uso de vitamina k em cosméticos. Saiba mais clicando aqui.
A vitamina C
Um estudo liderado por Cosgrove, da Unilever, utilizou dados da primeira National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES I) para avaliar a relação entre o consumo de nutrientes e o envelhecimento cutâneo. O estudo sugere que uma maior ingestão de vitamina C e ácido linoléico e ingestão diminuída de carboidratos estão associados a uma pele melhor nas idades avançadas.
Ao contrário dos estudos similares anteriores, estes pesquisadores se basearam no consumo diário desses nutrientes, pois os suplementos nutricionais disponíveis contém multi-ingredientes, sendo, portanto, difícil determinar qual deles é o responsável pelo efeito observado.
Os pesquisadores sugerem que essa ação ocorre devido às propriedades antioxidanes da vitamina C, sua ação na síntese de colágeno e suas qualidades fotoprotetoras. Eles sugerem o mesmo mecanismo para o ácido linolênico, associado ao fato de que a ingestão diminuída desse nutriente pode levar a dermatites. Eles acreditam que estas descobertas podem estimular a população a se alimentar melhor.
Opinião do autor: nutracêutico é um termo muito delicado de se usar, pois se o produto tem sua ação pela via oral (como as vitaminas destes estudos), eles não se caracterizam produtos cosméticos. Da mesma forma, a informação crucial deste post é deixar claro que os pesquisadores dos dois estudos avaliaram o efeito da dieta e não de suplementos vitamínicos. Espero ter deixado claro no texto que “nós somos o que comemos”, portanto, a alimentação adequada está intimamente ligada ao envelhecimento saudável e a uma pele bonita e jovial, inclusive por facilitar a ação dos produtos cosméticos.
Referências:
Gheduzzi, D. et al. Matrix Gla protein is involved in elastic fiber calcification in the dermis of pseudoxanthoma elasticum patients.Laboratory Investigation (2007) 87, p.998–1008, agosto, 2007.
BIRD, K. Vitamin K shows potential in the fight against wrinkles. Disponível em: . Acesso em 08/10/2007.
BIRD, K. Vitamin C and linoleic acid help in the fight against skin aging, study suggests. Disponível em: . Acesso em 08/10/2007.