Com a chegada do verão, cresce o cuidado com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de três doenças: dengue, zika vírus e gripe chikungunya. A dengue, já velha conhecida dos brasileiros, parece ter se tornado um diagnóstico que causa alívio entre os brasileiros. E a doença que vem tirando o sono dos brasileiros é a zika (considere aqui o zumbido do mosquito, os sintomas da doença e a preocupação constante).
Em 1° de dezembro de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta mundial sobre a epidemia de zika vírus. Juntamente com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o comunicado reconheceu que há relação entre zika vírus e os casos de microcefalia. No entanto, não afirmam haver causalidade, ou seja, não há comprovação de que uma seja a causa da outra. O documento também afirma que mais estudos são necessários, apesar de jornais de todo o país já dizerem que está confirmada a causalidade. Entre um e outro, ficamos com a opinião da OMS.
Um transmissor, quatro (ou mais) doenças
Conhecido por aqui desde o fim do século XIX, o mosquito Aedes aegypti preocupou a saúde pública brasileira durante boa parte do século XX até ser erradicado em 1955. Não escrevi errado, o mosquito foi erradicado em 1955! Mas em 1967 verificou-se o retorno do mosquito e atualmente ele está presente em todos os estados brasileiros (você pode aprender tudo sobre o mosquito nessas vídeo-aulas da Fiocruz). Agora, além da febre amarela e a dengue, o mosquito-celebridade também é o agente transmissor da gripe chikungunya e da zika.
Segundo a OMS, em 2015 foram confirmados casos de zika em nove países das américas: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.
Primeiro, o governo americano divulgou um alterta orientando mulheres grávidas a evitarem viagens ao Brasil e América Latina. Depois foi a vez do governo britânico chamar atenção para o problema. A BBC Brasil informou que o Comitê Olímpico Britânico incluiu no treinamento dos atletas orientações para evitar picadas por mosquitos, além de disponibilizar informações a respeito do vírus. Segundo a agência de notícias, a medida faz parte do monitoramento que os dirigentes britânicos estão fazendo do surto. Na verdade o mundo inteiro está cheio de recomendações a gestantes e turistas (veja aqui o monitoramento do jornal O Globo sobre a repercussão da doença mundo afora)
Sintomas e riscos
As doenças não têm em comum apenas o mosquito transmissor; os sintomas também são bem semelhantes. A febre, por exemplo, é um deles. A diferença é que no caso da dengue e da chikungunya a febre é alta, e no zika é baixa. Por outro lado, quem tem zika se queixa de dores leves nas articulações. Já quem tem chikungunya sente dor intensa e nos pacientes com dengue a dor é moderada. Os olhos vermelhos são sintomas apenas de zika e chikungunya. As manchas vermelhas no corpo também são comuns em todas as três doenças, mas na zika elas vêm acompanhadas de coceira.
Apenas pelo quadro clínico é difícil diferenciar uma doença da outra, por isso é imprescindível procurar aconselhamento médico ao observar esses sintomas. Também é importante compreender que para os profissionais a identificação clara também não é fácil, por isso a suspeita de virose é bem comum e a recomendação de repouso, beber bastante água e o uso de antitérmico (evitar ácido acetilsalicílico). O risco principal do zika vírus, no entanto, vai além da doença em si. O maior problema é a associação desse vírus com outras duas condições gravíssimas: a microcefalia em recém-nascidos e a síndrome de Guillain Barré.
Quem se interessar pode assistir aqui uma matéria exibida em dezembro no jornal RJTV.
Prevenção contra o Aedes aegypti
Não há dúvida, não há o que se dizer: a melhor alternativa é a prevenção! A primeira e mais importante forma de prevenção é o combate ao mosquito Aedes aegypti. Como todos já estão cansados de saber, esse mosquito cresce em água parada e tem preferência por água limpa. Seria desnecessário relembrar que deve-se colocar areia em pratos de vasos de flores; não deixar garrafas, pneus e outros recipientes que possam acumular água em quintais e varandas; tapar caixas d’água com tampas que não acumulem água (não use plásticos! Use tampas de fibra de vidro.), enfim, não deixe acumular água! O combate aos focos do mosquito não são responsabilidade da prefeitura ou do governo estadual. Eles têm que cuidar das áreas públicas, ruas e terrenos abandonados. Em áreas domésticas, cada um é responsável pelo seu próprio quintal. Faça sua parte e converse com seu vizinho.
Além do controle caseiro – que é o mais importante e efetivo! – Há um projeto mundial de combate à dengue, que usa a bactéria Wolbachia para infectar e eliminar os mosquitos Aedes aegypti. Saiba tudo sobre o projeto Eliminate Dengue, clicando aqui. Já está disponível no mercado um larvicida para uso doméstico, mas há polêmica envolvendo o Piriproxifeno (Pyriproxyfen), princípio ativo do larvicida. Leia mais sobre assunto aqui, aqui, aqui e aqui (todos os sites em português).
Outra forma bem conhecida de prevenção é o uso de repelentes de insetos. É exatamente o que vem acontecendo em todo o país! Uma corrida em busca de repelentes de insetos! Estão todos preocupados com a prevenção contra a picada do mosquito Aedes aegypti. Consequentemente, os repelentes de insetos desapareceram das prateleiras de farmácias e supermercados em todo o país. No estado do Rio de Janeiro, os repelentes de insetos foram incluídos na cesta básica em 21 de janeiro de 2016, com o objetivo principal de reduzir o ICMS e, consequentemente, o preço do produto aos cidadãos.
Além do controle das larvas e do uso de repelente de insetos, há também o uso de barreiras físicas contra a entrada do mosquito dentro de casa, como a instalação de redes em portas e janelas. A dica nessa caso é preferir redes ou telas brancas ou em cores claras e atentar para que a malha das telas tenha abertura máxima de 1,5mm. Dessa forma se algum mosquito pousar na tela ficará mais fácil identificá-lo! Também não podemos esquecer dos já conhecidos inseticidas e o mercado brasileiro está repleto de opções de aparelhos elétricos para esse fim (aqui me refiro aos inseticidas elétricos, aqueles que prometem “noites de sono tranquilo”. Não há nenhuma comprovação científica de que aparelhos que geram ruído ofereçam alguma ação repelente de insetos).
Os uso de incensos e velas repelentes só tem ação quando usados durante horas contínuas e bem antes da exposição da pessoa ao ambiente protegido. Velas, incensos e outros acessórios de citronela não têm efeito repelente suficiente para que haja recomendação de uso isolado, como único repelente do ambiente. Já a vela de andiroba em uso prolongado (cerca de 48 horas contínuas) previne as picadas do Aedes aegypti em um raio de até 27m².
O impacto no mercado
Dados da Nielsen mostram que em 2015 houve aumento de 50% nas vendas de repelentes (R$ 217,4 milhões) em comparação com o ano anterior. Em volume o aumento foi de 33%, para 14,8 milhões de unidades. O setor aumentou a produção e as vendas também aumentaram desde novembro de 2015. Na rede de lojas Alô Bebê as vendas da loção antimosquito Johnson’s Baby – até o momento a única que oferece proteção a bebê de seis meses a dois anos de idade – tiveram crescimento de 35% entre novembro de janeiro em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Desde 2015, a categoria Repelentes de Insetos deixou de ser sazonal para se tornar um bem de consumo linear. A categoria Repelente já é naturalmente um das que elevam suas vendas nos meses de verão em função da sazonalidade dos casos de dengue e da maior exposição do corpo em praias e piscinas. Nesse ano, com a epidemia de Zika e a maior preocupação da população o aumento nas vendas deve ser muito maior do que os esperados 64% em valor. De acordo com as indústrias, as apresentações que mais participam em valor são loção (60%), spray (24%), aerossol (12%), seguidos creme, gel e líquido (4%).
Estamos preparando um outro texto sobre os principais agentes ativos utilizados nos repelentes de insetos (clique aqui para ler o texto). Se você tem alguma dúvida sobre o assunto, escreva para nós ou deixe seu comentário.
Fontes:
Factsheet OMS
BBC Brasil
Valor Econômico
O Globo
Portal G1
Supermercado Moderno
Supermercado Moderno
STEFANI, Germana Pimentel; et. al., Revista Paulista de Pediatria, v. 27, n. 1, 2009, p.81-89.
Atualizado em 05 de março de 2016.
Atualizado em 07 de março de 2016.