O terror da informação enganosa em tempos de WhatsApp

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Ahhh! A liberdade de expressão é um direito tão precioso! E também tão subjetivo! Em países desenvolvidos ou não, muitas vezes as pessoas nem se dão conta de que sua liberdade de expressão é cerceada de alguma forma! Direitos à parte, este é um texto sobre Deveres. E para usufruir de um direito tão importante como a liberdade “moderada” de expressão, convém gozar de bom senso e responsabilidade para com os próximos! Pode parecer fácil, mas o rápido crescimento das mídias virtuais mudou a maneira como as pessoas se comunicam, numa velocidade muito maior que as regras de boa convivência são criadas… E aí é que começa o dever de refletir antes de propagar informação enganosa!

Quem não está ou conhece alguém que esteja em algum grupo do WhatsApp ou de algum outro aplicativo do gênero? Grupos de discussões da família, dos amigos, dos colegas de escola, do trabalho, grupos temáticos etc. Participar desses grupos traz uma “nova” (nem tão nova: desde pelo menos 2009!) forma de conforto para os usuários. É possível saber das novidades (e fofocas!) locais e globais, rir com os amigos, “paquerar” e até mesmo fazer negócios! Por outro lado, além de nos fazer passar por constrangimentos diante de toda a família, esses aplicativos de mensagens instantâneas também servem para propagar estórias distorcidas, exageradas ou completamente fictícias que criam ansiedade, confusão, medo e, infelizmente, terror. Dá uma olhada nos exemplos das imagens ou aqui e aqui!

Colagens de “correntes” enviadas por WhatsApp
Foto: arquivo pessoal do autor.

Algumas “correntes” são mais facilmente identificadas como fraude. Outras são tão bem elaboradas e apelam para o medo, principalmente quando mencionam uma doença, medicamento ou epidemia, que até os profissionais de saúde voltam pra consultar as suas fontes e tirar a prova real. Por exemplo, este ano eu recebi num destes grupo um informe alertando para o risco de morte no uso de medicamentos contendo fenilpropanolamina. A notícia é verídica, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já havia proibido a fabricação e comercialização de especialidades contendo este fármaco desde 09 de novembro de 2000 (veja aqui). Em 2004, há mais de uma década, a ANVISA já havia publicado uma nota para esclarecer que falsos alardes sobre a fenilpropanolamina estavam sendo propagados por email (veja aqui). Dezesseis anos depois, o terror ainda se espalha pelos celulares, deixando muita gente assustada e neurótica por causa de algo que não faz mais sentido.

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Enviar informações enganosas ou exageradas causa ansiedade e medo. Não é uma brincadeira legal!
Foto: arquivo pessoal do autor.

Parece exagero? Às vezes as pessoas também usam os aplicativos de mensagens instantâneas para propagar notícias apelativas, exageradas, com uma interpretação um tanto cinematográfica das diferentes realidades. Foi o caso da notícia sobre a droga que induz ao canibalismo e que já foi apreendida no Brasil, divulgada com vídeo e tudo (se ousar, veja aqui). A droga em questão, conhecida como “metilona”, é um potente alucinógeno proibido pela ANVISA e seu porte e distribuição é considerado crime. Sabe-se que as pessoas que experimentam sofrem alucinações diversas e tem seus instintos sensoriais distorcidos. Já foram relatados casos de pessoas que pularam de prédios, tentaram parar carros com as próprias mãos ou que se tornaram agressivas e atacaram outras pessoas, pois a falha dos sentidos as faz se sentirem ameaçadas. Portanto, não se trata exatamente de uma indução ao canibalismo como se vê em filmes e séries que exploram um apocalipse zumbi, mas sim de uma combinação de efeitos neurais que se manifestam de forma distinta em diferentes usuários.

Mas afinal, o Cosmética em Foco é um site sobre cosméticos e a indústria da beleza. Então, por que estamos falando de coisas feias?

Da mesma forma que os celulares avançados de hoje em dia são usados para “tocar o terror” com notícias enganosas e alarmantes, também são usados para divulgar receitas mágicas com resultados nunca antes vistos (e talvez, você não queira ser o primeiro a ver!). Um dos valores do Cosmética em Foco é esclarecer dúvidas e orientar a sociedade sobre o uso correto de cosméticos. Portanto, recomendamos muita cautela quando você receber uma mensagem divulgando uma receita caseira para tornar a sua pele sedosa e radiante, ou para se livrar de espinhas, ou mesmo para substituir o protetor solar! Duvidar da qualidade da informação que você recebe é um direito e uma medida inteligente. Então, verifique a fonte da informação e procure a opinião de um especialista ou profissional de saúde. O Cosmética em Foco conta com profissionais altamente capacitados e estamos à disposição para ajudar e descobrir juntos (veja quem somos aqui)!

Os smartphones facilitaram a comunicação, não utilize para difundir falácias.
Foto: patrisyu / FreeDigitalPhotos.net

Pode ser que cosméticos caseiros funcionem, mas lembre-se que normalmente eles não passaram por um controle de qualidade e sua eficácia não foi testada. Se você for se aventurar, precisa estar ciente disso! Não seja vítima do terrorismo da informação enganosa… E pense duas vezes antes de propagar este tipo de notícia! A gente já tem tanto com o que lidar nas nossas vidas, será que precisamos de mais uma via de aflição, angústia e ludibriação? Será digno espalhar o medo ou a esperança, sem ter certeza de que realmente há um motivo para o medo ou uma solução para os nossos problemas? Reflita antes de agir!

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Por Ivan Souza

Coordenador de Conteúdo. Farmacêutico Industrial pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). MBA em Gestão Empresarial (UEM). Doutor em Ciências pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP). Experiência em pesquisa e desenvolvimento de inovações no setor cosmético e farmacêutico.